Casa, Coração e Encontros
A estrada seguia mansa pela janela, mas Eloise não estava olhando o caminho.
Estava olhando o silêncio entre uma respiração e outra.
Augusto dirigia com uma mão no volante, a outra segurando a ponta dos dedos dela — sempre fazendo contato. Sempre lembrando: eu estou aqui.
Quando viraram a última esquina, ele falou — simples, como quem escolhe o momento certo:
— Tem alguém esperando você em nossa casa.
Eloise girou o rosto devagar.
— Quem? — perguntou, tentando manter a voz neutra.
Augusto sorriu de canto. Um sorriso que ela conhecia.
— Surpresa.
Eloise estreitou os olhos.
— É meu pai, não é?
O sorriso dela veio primeiro — pequeno, nostálgico —
mas no meio do caminho ele desmontou.
O peito dela apertou.
— Ele sabe… o que aconteceu? — a voz saiu baixa. — Você contou? O coração dele… ele não podia passar por estresse agora.
O carro parou no sinal vermelho.
Augusto virou o rosto para ela.
Tranquilo. Seguro. Cheio de cuidado.