Narrado por MaitePedi para ficar sozinha. Era muita coisa para digerir. Saber que o Lorde estava morto e não poderia mais me machucar trazia um alívio — sim, eu podia respirar sem aquele peso sufocando meu peito —, mas a imagem do Fumaça no canto daquela sala me assombrava toda vez que eu fechava os olhos.— Como ele pôde? — Essa era a única pergunta que ecoava dentro de mim como um grito silencioso.Fumaça. Justo ele. Eu esperava ser traída por qualquer um, menos por ele. Ele esteve comigo nas minhas melhores e piores fases. A gente tinha laços. Ele era meu amigo, minha confiança. Eu o enxergava como um porto seguro em meio ao caos, e talvez por isso a dor fosse tão profunda. Ser apunhalada pelas costas por quem a gente ama deixa feridas que ninguém vê, mas que queimam até a alma.Talvez eu tenha sido ingênua. Talvez eu tenha visto um aliado onde só existia mais um soldado do Cobra. E isso me leva a outra pergunta que vem ardendo na garganta: Será que o Cobra também está por trás di

Narrado por CaveiraSentei na cadeira ao lado da cama de Maitê, respirando fundo antes de começar a falar. A tensão no ar era palpável, e eu sabia que as palavras que eu tinha para ela poderiam alterar a direção de tudo, mas também era hora de ela saber a verdade.— O nome de sua mãe é Sofia Vieira. Ela tinha apenas 16 anos quando conheceu o Cobra, em um baile. Sua mãe era uma menina cheia de vida, alegre, estudiosa, com sonhos de fazer moda e sair do morro. Eu a amava mais do que qualquer coisa nesse mundo. Mas foi nesse baile que tudo começou a mudar. O Cobra era de um morro que não tínhamos tanta afinidade, mas não éramos rivais. Ele se apaixonou por ela à primeira vista, e a partir dali, o inferno na vida dela começou. Ela tentou me contar diversas vezes que não aguentava mais o Cobra infernizando-a, mas eu não acreditei nela, e essa culpa é algo que carrego até hoje.Respirei fundo novamente, sentindo o peso das palavras e a dor que elas carregavam. Cada pedaço da história pareci

Narrado por Bruna Era por volta das 23:30 quando o telefone do JP começou a tocar incessantemente. Já estávamos deitados, prontos para descansar, após um dia exaustivo. O corpo pedia descanso, o cansaço me dominava.Ele se levanta, pega o telefone e começa a ouvir a outra pessoa do outro lado da linha. A cada palavra, vejo seu rosto ficando pálido. Não sei o que está acontecendo, mas um pressentimento ruim começa a me consumir. Ele desliga o telefone e, em questão de minutos, alguém bate à nossa porta. Ele sai rapidamente e vai abrir. Alguns minutos depois, volta com a chave de um carro e uma bolsa preta grande.— Amor, olhe para mim. O que vou te falar agora não será fácil, mas é para a sua segurança, — ele diz, e eu, ainda sem entender, sinto o medo tomar conta de mim.— O que está acontecendo? — Pergunto, aflita, o coração acelerado.— O que mais temíamos aconteceu. Eles querem vingança pelo seu irmão, mas não é a cabeça do Lúcifer e nem do Caveira que eles querem. É a sua… e a da

Narrado por MaitêA madrugada havia caído, e a casa estava silenciosa, como se o mundo ao nosso redor também estivesse em pausa. As poucas coisas que precisávamos levar estavam arrumadas, mas eu não conseguia me livrar da sensação de que estava prestes a deixar um pedaço de mim para trás. Mesmo que tivéssemos um dia para descansar, algo dentro de mim já estava em movimento, acelerado, como se o tempo tivesse apertado a compressa. Decidi sair para fora, precisava sentir a brisa fria que passava pelas janelas, que me lembrava de quem eu era, de onde eu vinha.Caminhei até o escritório e abri a gaveta onde meu avô guardava os cigarros. Peguei um de menta, o último que restava, e me dirigia para o exterior. A noite estava sem lua, e o cheiro da terra molhada invadiu minhas narinas enquanto me sentava de frente para a floresta, o vento batendo suavemente em meu rosto. Mas logo a calma foi quebrada. Minha respiração ficou irregular, e as batidas do meu coração começaram a pulsar com força,

Narrado por Morte Tenho procurado Bruna e Maitê incansavelmente, junto com Cobra e Sombra, mas as duas desapareceram como fantasmas. Nenhuma pista, nenhum rastro. Elas sumiram como se nunca tivessem existido. Até que, enquanto ainda não as encontramos, meu plano é simples: erguer-me. Ajudei Cobra a invadir o antigo morro dele, onde seu irmão, King, agora estava no comando. Cobra matou King a pancadas, pagando o preço de todo o mal que ele causou a Maitê. Ele deveria tê-la protegido, mas preferiu ser cúmplice de sua dor. Não me importo em como ele morreu. King mereceu cada golpe. Cobra não teve piedade, e as mulheres — Vanessa, Larissa e Talita — só sabiam chorar, suas vozes irritantes enchendo o ar com um lamento inútil. Deixei elas no bordel de uma conhecida, agora terão que se virar para sobreviver, assim como a vida delas será dali para frente.Agora, Cobra está de frente para o morro novamente, mas sem o meu filho como líder. Não me deixaram assumir de novo, alegaram que eu só tr