“Nathan Prescott” Ann me encara com os olhos arregalados, a cor sumindo do rosto enquanto processa o que acabei de dizer. — Sierra… o quê? — sussurra, como se quisesse ter entendido errado. — Tentou se matar — repito, passando a mão pelos cabelos. — Pelo menos é o que Elise disse. — Meu Deus… — Ann leva a mão à boca, e vejo seus dedos tremerem. — Nathan, eu… isso é minha… — Não é sua culpa — digo de imediato, me aproximando dela. — É sim, Nathan! — ela exclama, se levantando do sofá. — Se eu não tivesse aparecido na sua vida, se você não tivesse terminado o noivado por minha causa… — Ann, para. — Não tem como! — A voz dela quase falha. — Uma mulher tentou tirar a própria vida porque você escolheu ficar comigo! Como eu lido com isso? Seguro seu rosto entre as mãos, forçando-a a me encarar. — Você não lida com isso porque não é sua responsabilidade. Sierra é adulta e fez suas escolhas. Se chegou a esse ponto, é porque tem problemas que vão muito além de mim ou de você. — Mas…

“Ann Sterling” Acordo com um peso deixando minha cintura dormente, mas não de um jeito desagradável. Pisco devagar algumas vezes, tentando trazer a alma de volta ao corpo, e finalmente percebo que o “peso” é Nathan completamente enroscado em mim como uma planta trepadeira gigante. Um homem de mais de um metro e oitenta, com seus ombros largos e seu corpo musculoso, conseguiu se encolher o suficiente para caber na minha cama de solteiro ridiculamente pequena. O rosto está enterrado no meu pescoço, um braço por cima da minha cintura e uma perna presa entre as minhas. Sorrio, ainda sem acreditar completamente que isso está acontecendo. Nathan Prescott. O homem mais controlador e irritante que já conheci. Está na minha cama. Agarrado a mim como se eu fosse um ursinho de pelúcia. Ainda não acredito que tudo isso está acontecendo. Não acredito que este homem, que poderia ter qualquer pessoa que quisesse, escolheu ficar comigo. Que estamos aqui, juntos, tentando construir algo real

“Nathan Prescott”Acordo com o despertador tocando e, por um momento, considero seriamente jogá-lo pela janela.Mas quando percebo Ann dormindo agarrada em mim, qualquer mau-humor desaparece na hora.O rosto apoiado no meu peito, a mão na minha barriga e os cabelos escuros espalhados pelo travesseiro novo, da cama nova que chegou ontem.King size. Colchão ortopédico. Lençóis de algodão egípcio com mil fios. E, claro, uma Ann reclamando que já gastei o valor de um ano de aluguel nesse apartamento.Valeu cada centavo só para não acordar parecendo que levei uma surra.Desligo o alarme e volto a observá-la. É incrivelmente prazeroso acordar assim, com ela tão perto, tão… minha.Não resisto e começo a acariciar seus cabelos, fazendo Ann se mexer e apertar os olhos antes de abri-los devagar.— Bom dia — murmura, a voz rouca de sono.— Bom dia — respondo, beijando sua testa.Ela levanta o rosto para me olhar, ainda sonolenta, e é impossível resistir aos olhos semicerrados e aos lábios entrea

“Sierra Lancaster” O quarto do hospital é silencioso demais. Odeio silêncio. Sempre odiei. Ele me deixa sozinha com meus pensamentos que, ultimamente, só giram em torno de uma coisa: Nathan. Nathan terminando comigo. Nathan me rejeitando. Nathan escolhendo outra pessoa. Mas isso vai mudar. Tem que mudar. Eu já estou fazendo mudar. Olho para os curativos brancos nos meus pulsos e quase rio. São tão convincentes que, às vezes, até eu mesma esqueço que não são reais. A porta se abre e meu pai entra, trazendo algo decente para eu comer. — Como você está, querida? — pergunta, me entregando o café da manhã. — Entediada — respondo, honesta. — Quando posso sair daqui? — O tempo que for necessário — ele diz, sentando-se na cadeira ao lado da cama. — Até que a história se solidifique e Nathan venha, nem que seja pela pressão que isso causará. Se você sair muito cedo, vão desconfiar. — Mas já se passaram dois dias! — Você tentou se matar — ele enfatiza, arqueando uma sobran

“Ann Sterling” Não consigo parar de olhar para o relógio. Meio-dia e quinze. Nathan saiu há vinte minutos para visitar Sierra. Tentei parecer compreensiva quando ele me contou, assim que a mãe dele saiu. Tentei sorrir, dizer que estava tudo bem, que era a coisa certa a fazer. Mas a verdade é que estou apavorada. E se ele voltar para ela? E se a culpa for forte demais? E se Sierra conseguir convencê-lo de que ainda têm uma chance? — Para de roer as unhas — Harper diz do outro lado da chamada de vídeo. — Vai acabar sem dedos. Olho para a mão que, sem perceber, levei à boca. — Estou nervosa. — Eu sei. Mas ele não vai voltar com ela, Ann. — Como você pode ter tanta certeza? — Porque aquele homem está apaixonado por você — ela responde, simples. — E ninguém apaixonado simplesmente… desiste. Quero acreditar nela. Mas a ansiedade continua fazendo meu estômago doer. — E se ele se sentir obrigado? Se sentir culpado? A família dele insiste em falar sobre… negócios e alianças. — Na