DianaEu fiquei encarando aquela caixa como se ela fosse explodir a qualquer momento. Meus dedos tremiam, o estômago estava embrulhado e a única coisa que consegui fazer foi pegar o celular e tirar uma foto daquilo.A noivinha e o noivinho estavam cobertos de tinta vermelha, mas parecia sangue. Parecia real demais. Aquele bilhete escrito à mão me gelava até os ossos."Felicidades ao casal, se chegarem vivos até o altar."Meu coração disparou. Não era só um presente estranho, era uma ameaça.Sem pensar muito, abri o WhatsApp e mandei a foto direto pro Ethan.— Amor, acabei de receber isso na loja do vestido. — Digitei com pressa. — Sério, tá muito bizarro.Não deu nem um minuto e o celular vibrou. Era ele, me ligando.— Diana, você tá bem? — a voz dele saiu grave, carregada de urgência.— Tô, mas tô assustada. Ethan, que merda é essa? Quem faria isso?Houve uma pausa do outro lado da linha. Eu conhecia aquele silêncio dele. Era o silêncio que ele usava quando estava juntando as peças n

DianaVoltei pra casa com a mãe e a Carol no carro. A cidade inteira parecia um borrão de preocupação e a cada curva eu sentia a garganta apertar mais. Quando a gente entrou no portão da mansão, meus olhos já foram direto pros seguranças — precisava da segurança da casa redobrada, precisava de controle.Parei o carro, abri a porta e desci com elas. O ar fresco da entrada não ajudou muito a acalmar meu peito. Encostei a bolsa no ombro, olhei firme pros dois rapazes que estavam na guarita e chamei:— Antes de qualquer coisa: ninguém passa do primeiro portão sem me avisar. Só o Ethan entra livremente. Entendeu? — falei, curta e direta.Os dois se entreolharam e o mais velho respondeu de forma profissional:— Senhora Diana, pode deixar com a gente. Ninguém passa daqui sem sua autorização.O alívio foi pequeno, mas existiu. Aí mesmo liguei pro celular e confirmei que eles fariam uma checagem total, revistariam entregadores, reuniriam documentos de identificação. A casa precisava virar fort

EthanEu sempre achei que tinha controle de tudo. Empresa, contratos, reuniões, investimentos… tudo estava sob a minha mão. Mas agora? Agora eu estava me dando conta de que o único controle que realmente importava era manter a Diana segura. E isso me consumia.Depois daquele presente maldito no ateliê de vestidos, minha cabeça não parava. Eu ficava imaginando a cara da Meredith ao mandar aquilo. O prazer dela em tentar nos desestabilizar. Só de pensar, meus punhos já se fechavam sozinhos. Eu não ia deixar essa mulher encostar um fio de cabelo na minha noiva.No dia seguinte, eu tomei a primeira decisão: contratei mais seguranças. Liguei pessoalmente para a empresa que cuidava da nossa proteção, e não foi um pedido, foi uma ordem.— Quero homens armados em cada entrada. Quero monitoramento vinte e quatro horas. Quero saber quem entra, quem sai, quem respira perto daquela casa. — Minha voz estava seca, cortante.O diretor do setor de segurança tentou argumentar, dizer que já tínhamos um

Eu nunca pensei que ficaria tão nervosa para um simples jantar de ensaio. Mas a verdade é que, quando vi todas aquelas mesas arrumadas no salão, iluminadas com velas e cheias de flores brancas e douradas, minhas mãos começaram a suar. Era como se, de repente, a ficha tivesse caído: em poucos dias eu estaria casada.Eu não estava sonhando, não era mais uma fantasia. Eu ia casar com o Ethan.Minha mãe estava radiante, andando de um lado para o outro como se fosse a anfitriã. Carol já tinha trocado de vestido três vezes só naquela tarde, porque dizia que “não dava pra fazer feio no ensaio de casamento da melhor amiga”.— Você parece uma princesa. — ela disse quando me viu descer as escadas, usando um vestido azul claro, simples, mas elegante.— Não exagera, Carol. — respondi, rindo nervosa.— Tô falando sério. — ela insistiu. — Se você está assim no ensaio, imagina no casamento. Ethan vai desmaiar antes mesmo do padre falar alguma coisa.Ethan estava lá embaixo, conversando com o pai del

MerediteQuando fechei os olhos e deixei a memória correr, não encontrei um único momento de brilho fácil — encontrei só ranhuras e sombras que me tinham moldado. A minha história começara num lugar pequeno, com uma mãe que dava o pouco que tinha e um pai que fora embora cedo demais. Cresci com a sensação do vazio ao lado, aquela margem que ensinou a ser durona rápido. Não fora exatamente uma infância de novela: fora de racionamento, de portas que rangiam, de promessas quebradas que só reforçavam uma coisa: eu teria que conquistar o meu próprio lugar, custasse o que custasse.Aprendi cedo a ler as pessoas. Quem tinha pouco aprendia a ver oportunidade onde outros viam nada. Aprendi a sorrir quando convinha e a morder quando me feriam — não por crueldade, mas por defesa. Meus braços ficaram fortes por carregar trabalho demais e responsabilidade demais; meus olhos, rápidos para notar uma chance. E a chance era o que movia o mundo, mesmo que alguns achassem que nasceram com tudo dado.Tra