DianaA rotina depois da cirurgia da minha mãe finalmente tinha se estabilizado. As enfermeiras contratadas por Ethan eram maravilhosas, dedicadas e atenciosas, e a cada dia eu via minha mãe um pouco mais forte, um pouco mais disposta. Claro que ainda havia fragilidade, ainda existiam os momentos de cansaço e as preocupações com os exames de controle, mas comparado ao caos de antes, estávamos vivendo uma calmaria preciosa.Eu passava muito tempo ao lado dela, ajudando no que fosse necessário, mas também simplesmente curtindo a companhia. A gente conversava, ria das coisas antigas, assistia novela juntas, e eu sentia como se estivesse recuperando um tempo que a vida tinha nos roubado. Era uma paz estranha, mas necessária.Numa manhã de sábado, acordei com Ethan sentado na beira da cama, me olhando com aquele sorriso dele que sempre me desmontava. O quarto estava iluminado pela claridade suave que entrava pelas cortinas, e por um segundo eu pensei que talvez fosse só mais um dia normal.

DianaEu acordei com a luz suave entrando pelas cortinas grossas do quarto do hotel. Meus músculos ainda estavam doloridos de tanto que o Ethan tinha me feito perder a cabeça na noite anterior. Era como se cada parte do meu corpo tivesse sido tomada por ele de novo, como se a gente tivesse apagado aquele tempo de distância e frieza que ficou entre nós desde que a saúde da minha mãe virou prioridade.Eu estava deitada, olhando para o teto, tentando assimilar o que tinha acontecido. Não era só sexo. Nunca foi só isso com ele. Era intensidade, era entrega, era como se ele tivesse arrancado de dentro de mim todas as preocupações, todos os medos, e colocado no lugar uma sensação de paz e desejo ao mesmo tempo. Eu me sentia viva.Ethan estava ao meu lado, ainda dormindo. O cabelo bagunçado, o rosto relaxado, e aquela expressão que só aparecia quando ele esquecia do peso do mundo. Eu virei de lado e fiquei olhando pra ele, lembrando da forma como ele me pegou ontem. Eu tinha esquecido como e

DianaVoltar pra casa depois daquela viagem foi como atravessar dois mundos diferentes. No jatinho, ainda sentia o cheiro de Ethan grudado em mim, o gosto do chocolate e da champanhe, a lembrança de cada beijo e cada instante que a gente dividiu longe de tudo. Eu me sentia mais leve, mais feliz. Mas, no fundo, uma parte de mim já estava voltando a carregar o peso da preocupação com minha mãe. Era inevitável.Quando o carro nos deixou na mansão, suspirei fundo. A viagem tinha sido curta, só dois dias, mas parecia que ficamos fora um mês. A mansão me recebeu com aquele silêncio elegante de sempre, mas eu só pensava em correr até o quarto da minha mãe.— Vamos? — Ethan perguntou, percebendo meu nervosismo.Assenti e subi quase correndo. Encontrei minha mãe deitada na cama, lendo um livro velho que ela trouxe da casa antiga. Ela levantou os olhos quando me viu e abriu um sorriso cansado, mas verdadeiro.— Minha filha! — ela fechou o livro e estendeu os braços. — Que saudade!Corri até ela

DianaEu nunca tinha sentido tanto medo de perder algo que nem era meu.O bebê — Lucas, como dizia a carta — dormia sereno nos meus braços, mas meu coração parecia estar em guerra. Eu sabia que não podia simplesmente fingir que ele era meu, que a vida era um conto de fadas onde um anjo caía na minha porta e eu o criava sem questionar. Não, o mundo real era muito mais cruel.Foi por isso que, ainda de pé na sala, tremendo, eu tomei a decisão: liguei para a polícia e para um advogado de confiança de Ethan. As coisas precisavam ser feitas do jeito certo, mesmo que isso me partisse em mil pedaços.Quando os uniformes azuis apareceram na minha sala, com pranchetas e olhares desconfiados, eu soube que minha vida acabaria de mudar.O policial mais velho, um homem de bigode grosso e expressão cansada, olhou para mim e depois para o bebê no meu colo. Franziu a testa, como se não conseguisse acreditar no que estava vendo.— A senhora está me dizendo que encontrou essa criança na porta da sua ca

DianaEu estava no quarto de hóspedes, com o menino deitado no meu colo. A casa estava silenciosa, só o som baixinho da respiração dele preenchia o ar. Eu passava a mão devagar pela cabecinha macia, tentando guardar cada detalhe, cada gesto pequeno, cada suspiro. Ele era tão tranquilo quando dormia, tão inocente, tão dependente de mim… parecia que o mundo inteiro se resumia àquele instante.Meu coração já doía antes mesmo de qualquer notícia. Eu sabia que, em algum momento, alguém viria. Eu não tinha direito de tê-lo para mim, mas… como explicar para o coração que não se tratava de direito, mas de amor?O som da campainha me fez estremecer. Apertei o bebê contra o peito, como se pudesse escondê-lo ali. Minutos depois, ouvi passos no corredor, vozes abafadas. E então, a porta se abriu.Era a assistente social, acompanhada de dona Glória. O rosto dela estava sério, profissional demais, como quem se preparava para dar um golpe duro.— Diana… — começou ela, em tom calmo. — Eu preciso conv