DianaEu estava sentada no jardim, no banco de madeira que ficava de frente para as roseiras. O vento balançava as folhas devagar, e por um momento eu tentei me perder ali, naquela calmaria. O cheiro da grama molhada, misturado ao perfume das flores, me dava uma sensação de conforto. Mas, ao mesmo tempo, meu peito estava pesado, como se cada respiração fosse um esforço. Eu ainda carregava o medo, a angústia, aquela incerteza que não me deixava relaxar de verdade.Senti passos leves atrás de mim, e antes mesmo de olhar eu já sabia que era minha mãe. O jeito dela andar, sempre tranquilo, com calma… diferente do meu ritmo acelerado. Ela se aproximou e, sem dizer nada, sentou ao meu lado no banco. Ficamos alguns segundos em silêncio. Era um silêncio cheio de coisas não ditas, mas que falavam alto.De repente, senti o braço dela passar pelos meus ombros. Ela me puxou para perto, e encostei minha cabeça no ombro dela, como fazia quando era criança. Esse simples gesto foi suficiente para me

DianaA cada dia que passa, a cirurgia da minha mãe chega mais perto, e eu sinto como se o tempo estivesse correndo ao contrário dentro de mim. Quanto mais as horas avançam, mais medo eu tenho.Eu sei que é para o bem dela, sei que o tumor precisa sair, mas o pensamento de vê-la numa sala de cirurgia me corta por dentro. Eu não quero que nada de ruim aconteça, não quero correr o risco de perder a única pessoa que sempre esteve comigo em todos os momentos.Eu e Ethan passamos a manhã inteira organizando tudo. Ele faz isso com tanta calma, tanta firmeza, que eu até invejo a forma como ele consegue manter a cabeça fria. Eu, por outro lado, mal consigo respirar direito.— Já confirmei com o hospital — Ethan disse, mexendo no celular, anotando coisas numa prancheta que nem sei de onde ele tirou. — Eles estão preparando o quarto privativo, como pedi. Tudo do melhor, Diana. Sua mãe vai ser cuidada pelos melhores médicos e enfermeiros.Eu tentei sorrir, mas senti a garganta travar.— E se… e

DianaAcordei antes do despertador. Na verdade, nem sei se dormi de verdade. Passei a noite inteira virando de um lado para o outro, olhando para o teto, contando os minutos, sentindo meu coração bater forte como se quisesse sair do peito. Hoje era o dia. O dia da cirurgia da minha mãe.Levantei da cama devagar para não acordar o Ethan, mas claro que ele já estava acordado. Ele sempre percebe qualquer movimento meu, como se tivesse um radar só para mim.— Não conseguiu dormir? — ele perguntou, a voz ainda rouca da manhã.Balancei a cabeça e sentei na beira da cama, respirando fundo. — Não. Só de pensar nela entrando naquela sala, com anestesia, bisturi, médicos… eu fico louca, Ethan. Parece que vai dar tudo errado.Ele se aproximou e me abraçou por trás, encostando o queixo no meu ombro. — Ei… calma. Vai dar certo. Você mesma disse que os médicos são bons, que o hospital é de confiança. Eu sei que é assustador, mas sua mãe é forte. Muito mais do que você imagina.Fechei os olhos, tent

EthanA vida parecia finalmente começar a entrar nos trilhos. Eu acordava todas as manhãs, olhava para a mansão, via Diana e sua mãe ali, seguras, e sentia que estava construindo algo sólido, algo que ninguém poderia destruir. Era uma sensação nova, quase estranha para mim. Eu sempre vivi cercado de riscos, disputas de negócios, traições… mas, agora, dentro daquela casa, eu só enxergava paz.Dona Glória estava se recuperando bem. Cada dia, as enfermeiras me davam relatórios positivos: alimentação equilibrada, noites bem dormidas, pressão estável. Até mesmo o doutor Meireles, que no começo foi tão rígido, parecia aliviado. Ele chegou a me dizer que, se continuasse desse jeito, talvez nem fosse necessário um tratamento de quimioterapia. Era como ouvir música.Ver Diana sorrindo de novo, sem aquela sombra de preocupação constante nos olhos, me fazia sentir invencível. Eu sabia que a vida dela tinha sido marcada por dor e perda, mas agora eu podia oferecer segurança, estabilidade, e acima

DianaAcordei antes mesmo do sol nascer. Era como se meu corpo inteiro tivesse se adiantado ao despertador, tomado pela ansiedade que não me deixava descansar. Ethan ainda dormia ao meu lado, a respiração dele calma, profunda, como se nada no mundo pudesse tirar aquele sossego. Eu invejei por um segundo essa paz que ele conseguia manter, porque dentro de mim só havia um redemoinho de medo, expectativa e aquela sensação estranha de que algo ainda estava errado com a minha mãe.Levantei devagar, tomei banho rápido e fiquei olhando para o espelho como se a minha imagem pudesse me dar alguma resposta. Mas tudo o que vi foi meu próprio cansaço estampado no rosto. Olheiras profundas, o cabelo preso às pressas, e olhos que já não brilhavam como antes.Fui até o quarto da minha mãe. Bati de leve na porta e entrei. Ela estava sentada na beira da cama, já pronta, com uma blusa de tricô e a bolsa no colo. Sorriu pra mim, mas eu sabia que aquele sorriso era só fachada.— Dormiu bem, mãe? — pergun