Antes que meu noivo e a família dele partissem de volta para o Rio, pedi a Bianca para escolher um vestido para mim, dei a ela as minhas medidas e confiei no gosto dela. Não estava a fim de me preocupar com isso e queria mostrar que pouco me importava o que ela fazia em segredo.No dia seguinte recebi uma assessora de casamentos para me ajudar com os preparativos, mas acabei deixando para ela fazer como quisesse. Aquilo para mim não era a realização de um sonho e pouco me importava como iria ser, eu só queria que acabasse logo. Eu estava decidida que iria aproveitar minha vida antes do casamento e chamei minha amiga Júlia, da época de escola, para passar a tarde comigo e conversar sobre as coisas. Arrumamos tudo e descemos até a praia para tomar sol e conversar sobre nossas vidas. — Sabe, eu não sabia que você estava namorando. — disse ela assim que coloquei a cadeira de praia na areia. O sol estava em seu ápice então também armei um guarda-sol, bem, na verdade paguei para fazerem

Coloquei um vestido amarelo, prendi um laço também amarelo no cabelo o deixando semi preso. Me despedi do meu pai, falei que sairia com uma amiga apenas para não preocupá-lo e fui até o bar sem muitas expectativas. Eu sentia que essa aproximação com Marcos era perigosa, mas havia um certo ima que me puxava até ele, não sei, ele parecia diferente de todos os homens que conheci. O ambiente estava calmo, com poucos clientes e a música eletrônica tocando nos altos falantes não pulsava aos ouvidos, mas era perceptível. Marcos estava sentado numa das mesas próximas à janela e analisava o cardápio. O rapaz loiro, com a barba por fazer, analisava o cardápio e se assustou ao me ver, mas se levantou rapidamente para me cumprimentar. — Desculpe o atraso, acabei pegando no sono. — falei após cumprimentá-lo com os tradicionais dois beijinhos brasileiros. Não senti falta disso. — Não se preocupe, mas podia ter avisado que estava cansada e marcavamos outra hora sem problemas. — respondeu e nos s

Eu aproveitei cada detalhe daquela tarde. Assim que saímos da água, comemos as guloseimas que trouxemos e partimos para outra trilha, dessa vez liberada para turistas, mas haviam poucos fazendo a trilha conosco. Mais uma vez eu me sentia como se fosse acariciada pelos sons e cheiros daquela parte de vegetação. O sussurrar do vento nas folhas das árvores e em meu rosto me davam uma sensação de paz e tranquilidade que há muito não sentia. Se eu pudesse ficaria ali para sempre.A trilha nos levou até um mirante, de onde pudemos ver boa parte da ilha e assim, em meio à natureza e a risada contagiante de Marcos por eu estar cansada, eu admirava o pôr do sol mais belo do mundo. Aquilo me trouxe uma sensação nova, uma paz que não conhecia, antes acreditava que a paz estava no silêncio e na ausência de problemas, mas ali naquele momento percebi que estar em paz é poder sorrir e relaxar mesmo em meio aos problemas. Marcos me abraçou enquanto víamos o sol se pôr, aquilo ficaria guardado para se

Minutos depois eles chegaram, sedaram ele e o levaram para o hospital. Eu fui junto com ele na ambulância, minhas mãos tremiam e eu não conseguia segurar as lágrimas de culpa. Ele não estava nada bem.No hospital, ele foi encaminhado para a ala de emergência e eu precisei ficar na sala de espera. Umberto e a enfermeira, que só então descobri se chamar Carla, chegaram minutos depois. — Como ele está? — perguntou Umberto. — Ainda não sei, ele foi levado para a emergência. — falei enquanto tamborilava os dedos no braço.Depois de minutos angustiantes, um médico calvo e usando um óculos de grau, apareceu para nos dar notícias sobre o estado de saúde dele. — Mediante o quadro clínico, posso dizer que ele está bem, está estável o que é um bom sinal. O tumor tem tirado as forças dele e conforme os dias passam, é normal que ele se sinta mais cansado e fraco, como ele se recusa a fazer o tratamento para se sentir melhor, o que posso orientar é que o deixem confortável, evitem situações de e

Na semana seguinte peguei um vôo para Recife e depois para Minas Gerais. Ao chegar no aeroporto de Minas, Ettore e um motorista já me esperava para nos levar ao destino final. Depois de muita estrada de terra, chegamos numa fazenda. Eu e Ettore mal nos falamos durante todo o trajeto. Ele parecia zangado com algo e eu não quis incomodar. A sede da fazenda era um casarão no estilo colonial muito bem conservada, a noite estava escura e fazia frio, grilos cantavam e o ar estava tão puro que meus pulmões agradeciam. Fomos recepcionados por Bianca e o motorista levou minhas malas. Ettore parecia fazer pouco caso da minha presença e sumiu dentro da casa. — O que eu faço com esse homem? — disse Bianca colocando a mão na testa, em desaprovação. — Venha, deve estar morta de fome, o jantar já está quase pronto. — Eu gostaria de tomar um banho também Bianca, pode me levar ao meu quarto? — Venha comigo. — segui Bianca pela casa e fiquei encantada com o quão aconchegante era aquele lugar,