De madrugada, incomodada com os mosquitos, decidi sair do quarto e ir até a cozinha, talvez eu encontrava alguma essência de eucalipto para afugentar os mosquitos. Ao invés disso, encontrei foi Ettore na cozinha, pensei em voltar para o quarto, mas desisti quando ele me viu.— Perdeu o sono? — ele perguntou, quebrando o silêncio. — Tem muitos mosquitos. — Você se acostuma. — ou eu posso ir embora. — Fala como se eu fosse morar aqui. — passei por ele e peguei um copo para tomar água, me escorando na pia após enche-lo. Ele riu da minha fala e se aproximou mais, me provocando, ele adorava fazer isso. — Você é patricinha demais para morar num lugar como esse não é? — se tem algo que eu odeio, é que me chamem de patricinha. Minha vontade era de virar aquele copo na cabeça dele, mas ao invés disso, preferi entrar no jogo dele. Coloquei o copo na pia e me aproximei mais. — E você é um playboyzinho, casal perfeito não acha? — inclinei um pouco a cabeça e dei um sorriso cínico. Ele não re

Os dias passaram rápido, rápido até demais. Meu vestido chegou faltando apenas três dias, mas serviu perfeitamente. Bianca escolheu um modelo godê de chiffon, com decote fundo, mangas longas e bufantes, porém abertas, sem rendas ou pedrarias e no tom branco. Eu não teria escolhido branco, mas fiquei satisfeita com a escolha dela, o vestido ficou perfeito. A assessora chegou dois dias antes e me deu detalhes do que ela tinha organizado. Como não pedi nada estravagate, ela escolheu margaridas brancas e cestas de bambu, além de um arco de margaridas brancas e coloridas, a cerimônia começaria as quatro da tarde e seria em frente a pequena capela de São Pedro dos Pescadores, a lista de convidados não passava de dez pessoas e após a festa haveria um coquetel para os convidados na casa do meu pai. Ettore reservou um quarto numa pousada em Noronha para a "noite de núpcias" e depois partiríamos para o Rio de Janeiro, onde ele morava. Tudo estava devidamente organizado e preparado, exceto eu,

Um fotógrafo tirava inúmeras fotos. Bianca estava emotiva e começou a chorar, Fernando como sempre parecia apenas uma sombra ao lado de Bianca, quieto e sem reações. Umberto e Carla também estavam lá, sequer sorriram para mim, nem mesmo para manifestar sua alegria por eu estar indo embora. Júlia levou um amigo e ele parecia o único realmente emocionado com a cerimônia, pois até mesmo a Júlia parecia estar em um velório. A falecida no caso era eu. Ettore apertou a mão do meu pai, em seguida depositou um beijo na minha testa e segurou minha mão. Seu toque era quente e suave e sua expressão estava tranquila. Acho que a única desesperada era eu. O juíz de paz iniciou a cerimônia falando da importância do casamento, a união de duas pessoas. Dei uma rápida olhada no meu noivo, Ettore era bonito e tinha traços semelhantes com Marcos, não dava para duvidar que eram irmãos, eu até mesmo deveria ter desconfiado antes. Ele devolveu o olhar com um sorriso e virei o rosto, só ouvi o clique da câ

Fernando não deixou Marcos ir embora, tínhamos muito o que conversar, minha mãe veio me abraçar assim que passou o assombro. — Que merda você fez Marcos! — gritou meu pai, em seguida se distanciou colocando as mãos no rosto. Marcos continuava com aquele meio sorriso zombeteiro, estava se divertindo com a situação. Ele pegou a peruca que Amélie jogou no chão e a ajeitou em mãos.— Talvez você também fique bem de cabelo comprido irmão. — brincou. — Isso tudo é uma grande piada pra você? — esbravejei. — E quer que eu faça o que? Me lamente? Não, não vou fazer isso porque eu faria tudo de novo. Você acabou com a minha vida Ettore e eu ainda fui bonzinho e cuidei bem da sua. — Quer que eu te agradeça? — Não quero nada que venha de você, irmão, para mim você está morto desde o dia que decidiu abrir a boca para espalhar mentira. — Mentira? Eu sei o que eu vi...— Chega meninos! — interviu Bianca, se colocando entre nós dois. — Marcos, porque fez isso meu filho? Marcos não respondeu.

Assim que desembarquei no Rio de Janeiro, pedi um taxi que me levou direto para o hotel, fiz o check-in e a reserva de cinco dias, guardei as malas no quarto e em seguida saí novamente, dessa vez para o cartório onde meu advogado e o juiz esperavam para resolver a questão do testamento e dos bens.Cheguei com mais de uma hora de atraso e com a barriga doendo de fome, não tive tempo para comer e já estava totalmente arrependida por ter caído na conversa da Júlia. Eu esperava encontrar apenas meu advogado e o juíz, mas ao entrar me deparei com mais dois homens. Um deles trajava terno e o outro mais novo, de pele negra e cabelo raspado, usava apenas camisa social.— Bom dia, desculpem o atraso.— Bom dia senhora Marini, sente-se por favor, precisamos deixá-la a par das novidades. — me sentei na única cadeira vazia e olhei para meu advogado, que deu um aceno sutil. — Devo apresentar o senhor Lucas Nogueira, ele e seu advogado nos apresentaram provas legítimas de que ele pode ser filho de