Rancho Langford, Texas – Início da noiteBeatriz deixou a sala com passos lentos, cruzando o longo corredor de madeira da casa principal do rancho. O ar carregado que trazia nos ombros não vinha mais do medo — mas da avalanche de verdades que haviam lhe sido despejadas nas últimas horas.Do lado de fora, o céu texano estava em tons de púrpura e laranja. Os campos dançavam sob o vento suave, e ao fundo, os cavalos pareciam pastar em paz, alheios à magnitude da tempestade que havia passado por ali. A natureza era, de certa forma, um lembrete de que a vida seguia. De que, mesmo com rachaduras profundas, ainda havia espaço para florescer.Ela saiu pela porta dos fundos e seguiu instintivamente até a cerca branca onde costumava encontrar Derick nas últimas tardes. Ele estava lá, como se soubesse que ela viria. De costas, observava o pôr do sol, com as mãos nos bolsos e o semblante tranquilo. Quando ouviu os passos dela, virou-se imediatamente.— Você e

Beatriz sentia o corpo vibrar de nervosismo e desejo enquanto fechava a porta do quarto atrás de si. O silêncio que se instalou entre ela e Derick era denso, elétrico. Eles se olhavam como se o tempo tivesse parado, como se tudo que existia no mundo agora fosse aquela respiração entrecortada, aqueles olhos em chamas, aquelas mãos que queriam tocar.— Eu não quero mais esperar... — ela sussurrou, com os olhos brilhando. — Quero ser sua.Derick se aproximou devagar, sem pressa, mas com a firmeza de quem sabia o que queria.— E eu quero você, inteira. Sem pressa. Sem medo. Só você e eu.Ela assentiu, emocionada. E ele se aproximou mais, passando os dedos com leveza pelos braços dela, como se desenhasse nela um mapa sagrado. Tocou seu rosto, seu queixo, seus lábios. Beijou-a com calma, depois com fome. Um beijo cheio de promessas, cheio de desejo contido. As mãos dele desceram por sua cintura, envolvendo-a com firmeza.Ele começou a tirar sua

O carro já havia partido, levando Ellen e Bella para longe. Dani e John permaneceram na pequena sala, ainda com o cheiro doce das filhas impregnado no ar. O silêncio parecia esmagador, até que Dani, com o rosto virado para a janela, soltou um sussurro doloroso:— A Quitéria tirou tudo de mim, John.John se aproximou, devagar, mas sem saber como conter o tremor que crescia por dentro. Dani virou-se de súbito, os olhos inundados.— Ela roubou a minha infância... — sua voz falhou. — Ela roubou a minha adolescência, a minha dignidade... e agora... agora ela está levando as nossas filhas embora de nós.Ela cobriu o rosto com as mãos, o corpo inteiro sacudindo em soluços.— A gente precisa fazer isso, John... — continuou, entre lágrimas. — Esse último sacrifício... por elas. Porque eu não posso permitir... eu não posso deixar que aconteça com elas o que aconteceu comigo. Só eu sei, John... só eu sei o que vivi. Você só imagina. Mas você não sen

O sol ainda não tinha despontado no horizonte quando o despertador tocou suavemente no quarto das meninas. Lia havia colocado uma música instrumental calma para acordá-las aos poucos, sem susto — era o primeiro dia na nova escola, e ela queria que começasse da maneira mais tranquila possível.Ellen foi a primeira a abrir os olhos. Espreguiçou-se devagar, olhando ao redor como se ainda estivesse se acostumando com aquele quarto cheio de flores, quadros infantis e livros empilhados numa estante branca. Bella, ao lado, continuava encolhida sob o cobertor, abraçada a um ursinho de pelúcia que ganhara de Helena na noite anterior.— Tia Lia? — chamou Ellen, baixinho, ao ver a porta entreaberta.Lia apareceu com um sorriso no rosto, já vestida e com o cabelo preso num coque prático.— Bom dia, meu amor. Dormiu bem?Ellen assentiu, mas logo perguntou, com a voz embargada:— Hoje é o dia da escola, né?— É sim. Vocês vão conhecer

A manhã amanheceu serena no Rancho Langford, com o cheiro suave do café fresco se misturando ao perfume das flores que cercavam a varanda. O sol já aquecia os campos ao redor, mas no coração daquelas pessoas reunidas havia um tipo diferente de calor: o da esperança renascida.Todos estavam reunidos na sala principal. Beatriz, Camila, Lila, Isabela, Clarice, a agente Lohane, Logan, Lily, Clary e Derek estavam sentados em volta da mesa, atentos à notícia que seria dada. A tensão era visível, especialmente nos olhos de Beatriz, que segurava a mão de Derek com força, como se antevisse o que estava por vir.Lohane pigarreou, com um leve sorriso nos lábios, tentando suavizar o peso da informação.— Recebemos a confirmação oficial há poucos minutos — disse ela, olhando para todos com firmeza. — Dani e John foram aceitos no programa especial de proteção. Eles passaram a noite na Central de Segurança e já estão sob custódia total. Nos próximos dias, passarão por pr