Horas depois, Camille estava de pé na varanda, observando os cavalos ao longe. O vento brincava com as folhas secas e com os fios soltos do seu cabelo. Por mais que estivesse rodeada de pessoas, ela ainda sentia o peso do silêncio, como se algo dentro dela houvesse sido arrancado — e ela nem soubesse como recolocar no lugar.Logan se aproximou com passos firmes, mas discretos. Parou ao lado dela e falou baixo:— Está pronta?Camille respirou fundo antes de responder, encarando a paisagem à frente.— Ninguém nunca está. Mas... sim. Vamos.Entraram no carro do Logan — um SUV preto blindado, com vidros fumê e assentos de couro impecáveis. O interior cheirava a lavanda e couro novo. Camille olhou em volta, surpresa.— Uau... isso é carro de agente do FBI?Logan deu uma risadinha discreta e desviou o olhar para a estrada.— Algo assim.Ela percebeu a evasiva, mas não insistiu. Conforme o carro deixava a prop

Camille estava trocando a fralda de Laura quando o celular de emergência, aquele que Logan deixava reservado só para mensagens internas do sistema, vibrou duas vezes sobre a mesa da cozinha. Um frio percorreu sua espinha.Ela olhou ao redor. Laura dormia no carrinho, embalada por uma musiquinha de caixinha, enquanto o sol da manhã filtrava pelas janelas largas do apartamento duplex.Com mãos cuidadosas, ela pegou o aparelho e desbloqueou com o código que Logan lhe havia ensinado.“ATENÇÃO. Invasão detectada no servidor externo da Unidade Sigma. Rastreio em curso. Todos os protegidos devem manter protocolo nível 2.”Camille leu duas vezes. Então, sem pensar, pegou o celular pessoal e discou para o número codificado de Logan.Ele atendeu no segundo toque.— Camille? Está tudo bem com a Laura?— Está. Mas acabei de receber o alerta de protocolo dois. O que está acontecendo?Do outro lado da linha, a respiração dele

Camille se aproximou devagar, encostando os lábios na testa da bebê. Quente — mas não febril. Seus olhos se encheram de lágrimas, dessa vez de alívio.Foi nesse instante que Logan surgiu na porta com dois cafés na mão e uma expressão mais leve do que a da noite anterior. Vestia uma camisa cinza de mangas dobradas, calça social e ainda não colocara a gravata.— Ela dormiu bem? — perguntou em voz baixa, entregando um dos copos a Camille.— Como um anjo. A febre baixou por completo. Os exames deram negativos para tudo mais grave. Foi só uma virose mesmo, graças a Deus.— Você ficou com ela a noite toda, não é?Camille apenas assentiu, tomando um pequeno gole do café quente. Logan se sentou ao lado dela, observando a cena com olhos que misturavam exaustão, gratidão… e outra coisa. Algo mais denso. Mais vivo.— Camille... — ele começou, quase hesitante — ontem, quando vi você com ela nos braços, chorando, segurando minha filha como se

A cidade onde agora viviam tinha outro ritmo. Era pequena, arborizada, de clima ameno e gente discreta. Um paraíso anônimo para quem buscava recomeços. Dani e John agora atendiam por novos nomes e já haviam passado pelas cirurgias plásticas necessárias para cortar qualquer vínculo visual com suas identidades anteriores. Os dois estavam matriculados em acompanhamento terapêutico, tanto individual quanto em casal. A primeira exigência da Lia havia sido clara: para um dia estarem novamente com as filhas, precisavam estar curados, fortalecidos e íntegros — por elas e por si mesmos. O trabalho com a terapeuta vinha sendo intenso. Dani enfrentava o peso do passado, suas feridas mais profundas, os gritos que sufocara, os traumas que nunca confessara nem mesmo a John. Já John, apesar da aparência forte e protetora, lidava com a culpa, o medo e a constante autossabotagem de quem se envolveu para salvar, mas se perdeu junto. E foi nesse processo de