O ar estava denso. O silêncio tenso foi quebrado quando o ministro da Justiça — um homem de meia-idade, olhar glacial — se inclinou para frente.— Nós temos que controlar a narrativa. Se não controlarmos a narrativa... estamos todos perdidos.Sua voz soava fria, mas não tão segura quanto queria aparentar.O senador riu com desdém.— Controle? Controle? — ele bateu com a palma da mão na mesa. — Você esqueceu quem você é, ministro? Ou esqueceu que você mesmo está metido até o pescoço nisso?O ministro ficou lívido.— Cuidado com o tom, senador.O senador se levantou.— Cuidado, você!Chame logo a mater famigerada, a mãe da Dani.Ela está nessa até o último fio de cabelo. Sempre foi. Foi ela quem moldou a filha para o "negócio".E foi ela quem nos apresentou a menina. Foi ela quem nos vendeu aquela criança. NOS VENDEU!O ambiente ficou gélido.Um deputado engoliu seco.O senad

Não estou pedindo que me perdoe. Não mereço.Mas tudo o que eu fiz... tudo... foi tentando proteger minhas filhas.Pra que elas não sejam destruídas como eu fui.O silêncio ficou pesado.As lágrimas corriam livres.Lia se aproximou.Sua voz saiu baixa, carregada de emoção:— Dani... você foi vítima.E eu... eu vou proteger suas meninas.Mas agora você precisa ser forte.Ajude a destruir isso.Pela sua história. Pela Beatriz.E principalmente... pelas suas filhas.Dani soluçou, desabando nos braços de Lia.Ali, duas mulheres marcadas pela vida — mas ainda capazes de lutar — se uniam em um pacto silencioso.O silêncio estava denso.Lia já não conseguia conter as lágrimas.Dani respirava com dificuldade, mas de repente ficou estranhamente serena.Como se tivesse aceitado que precisava mostrar tudo.Com um olhar firme, ela se levantou.Ergueu as mãos, puxou devagar a blusa

O telefonema inesperado (expandida)A tarde se despedia lentamente no Rancho Langford, tingindo o céu com tons dourados e rosados que refletiam sobre os campos extensos do interior do Texas. Um silêncio calmo pairava no ar, quebrado apenas pelo canto distante de alguns pássaros e o farfalhar suave das árvores que cercavam a propriedade.No interior da casa principal, Beatriz encontrava-se no quarto de hóspedes que agora chamava de lar. As paredes claras, decoradas com fotografias antigas e quadros florais, transmitiam uma sensação de acolhimento que contrastava com a tensão constante que ainda pulsava em seu peito.Ela estava recostada na cama, coberta por uma colcha florida de algodão macio, segurando entre as mãos um livro de literatura americana. Era um presente da mãe de Derick, uma mulher gentil e culta, que havia percebido o quanto Beatriz se sentia deslocada e tentava fazê-la sentir-se incluída naquela nova realidade. A leitura era densa, mas reconf