Théo Narrando Essa noite, foi impossível esquecer. Desde o momento em que saímos daquele jantar, eu sabia que algo dentro de mim estava prestes a explodir. Os olhares, os comentários, aquele maldito shake achando que podia sequer cogitar tocar na minha Ava, meu sangue fervia. E ela, calma, elegante, sem provocar, mas provocando tudo em mim só por existir daquele jeito. Eu precisava lembrá-la e me lembrar que ela é minha. Só minha.Assim que chegamos ao hotel, ela entrou no banheiro sem dizer nada. E eu fiquei ali, sentado na beira da cama, tentando conter a raiva que ainda corria nas veias, misturada com uma vontade absurda de tê-la. Minutos depois, ela saiu. Usando uma camisola fina e por baixo, bom, só o contorno da renda da calcinha já bastou pra eu esquecer qualquer negociação do dia. Ava sabe o efeito que causa em mim, mas age como se não soubesse. E isso me deixa louco.Tomei um banho rápido, quase gelado, mas não serviu de nada. A imagem dela deitada na cama, com aquele olhar

Théo Narrando Voltamos do compromisso direto para o hotel, já na hora do almoço. Meu humor não estava dos melhores. A presença do filho do sheik me incomoda desde o primeiro olhar que ele lançou pra Ava e, agora, com a proposta absurda que ele fez, a raiva esta me corroendo por dentro. Claro que ela não sabe. Nem vai saber. É muita petulância, ainda mais vindo de alguém que só vai sair ileso porque estamos no país dele. Se estivéssemos no Brasil, aí sim, ele ia entender o que é conversar como homem.Almoçamos no restaurante do hotel. Tentei manter o foco na comida, nos assuntos leves, na presença dela, mas minha cabeça fervia. Ava comia tranquila, totalmente alheia à tensão que ainda rodava dentro de mim. Como consegue? Como consegue viver tão submissa a mim, aceitar tudo, confiar tanto e ainda assim carregar essa paz?Depois do almoço, subimos pro quarto. Ela tirou a roupa devagar, como quem já sabia o que queria: descanso. Vestiu uma camisola fina de seda e se jogou na cama com um

Théo Narrando Falar com o Sheik exigia postura, clareza e, principalmente, confiança. E isso eu tenho de sobra. Quando o momento se mostrou oportuno, com tranquilidade, fui direto ao ponto.— Tenho algo a dizer — anunciei, olhando nos olhos dele, sem baixar a guarda nem por um segundo. — Ava e eu estamos noivos. Vai haver uma grande festa de noivado assim que voltarmos ao Brasil.Houve um silêncio breve. Um daqueles momentos em que todos olham para o Sheik esperando sua reação. Mas eu permaneci firme, impassível. Eu não precisava da aprovação de ninguém, mas era questão de respeito comunicá-lo pessoalmente.O Sheik sorriu, um daqueles sorrisos calmos, de quem já sabia antes mesmo de ser informado.— Parabéns, Théo. É uma mulher encantadora. E você, um homem de decisões firmes. Que Allah abençoe essa união.Ele fez um gesto para um dos seus assistentes, que rapidamente trouxe uma série de caixas cuidadosamente embaladas. Presentes.— Para a noiva, joias — ele disse, entregando uma cai

Théo Narrando Nunca pensei que uma viagem para Dubai fosse me trazer tanto retorno em tão pouco tempo. Conhecer o Sheik pessoalmente foi mais do que uma jogada de negócios, foi uma conexão direta com o topo. Até então, eu só havia tratado com os assessores dele, homens educados, mas sem o peso de quem realmente manda. Foram eles que negociaram e fecharam o contrato comigo na sede da minha empresa em Los Angeles. Foi um deles, inclusive, que me entregou o convite para o tal leilão exclusivo, onde conheci a minha Ava.Agora, estávamos voltando. Eu e Ava no meu jatinho particular, cortando os céus do Oriente em direção aos Estados Unidos. Ela sentada ao meu lado, mexendo no celular novo que o Sheik lhe deu de presente. A caixa ainda estava ali, aberta na mesinha entre nós, com o laço dourado que ela desfez sorrindo. Eu reparei em cada detalhe, porque quando se trata dela, eu reparo em tudo.— Me dá esse celular aqui — pedi estendendo a mão.Ela me entregou sem hesitar. Peguei o aparelho

Théo Narrando Quando toquei no assunto da família dela, percebi na hora que tinha atravessado uma linha.Ela travou. Respirou fundo, como quem segura uma enxurrada por dentro, e respondeu num tom seco, quase automático:— Sou órfã de pai e mãe. Não tenho irmãos.Aquele olhar dela me cortou. Mas o que veio depois foi o que realmente me destruiu por dentro.— E como você foi parar naquele leilão? — perguntei, tentando parecer o mais calmo possível.— Fui traficada, Théo. Assim como todas as meninas que estavam lá. Minha tia me entregou nas mãos daqueles homens.Fiquei em silêncio. Aquilo caiu como uma bomba. Eu já imaginava que o passado dela não era leve, mas ouvir com todas as letras que alguém da própria família a vendeu… o sangue simplesmente ferveu nas minhas veias.Não falei mais nada. Eu sabia que, se abrisse a boca, ia acabar estragando o resto do dia. A Ava não precisava do meu ódio naquele momento. Ela precisava de paz. Mesmo que fosse uma paz forçada.Chegamos na empresa. As