Théo Narrando Quando ela abriu a boca pra fazer aquele pedido, eu confesso que por um segundo perdi até a concentração no que estava fazendo. Eu, Théo, o cara acostumado a controlar tudo e todos, fiquei surpreso. E olha que não é fácil me surpreender. Ava, com só dezenove anos, sentada na minha frente, naquela postura que mistura inocência com uma coragem que nem ela sabe que tem, me pediu pra trabalhar. Isso eu realmente não esperava ouvir. Eu fiquei encarando ela, tentando decifrar de onde vinha aquela ideia.A maioria das garotas que já passaram pela minha vida não foram muitas, sempre teve o mesmo foco: luxo. Todas queriam o mesmo roteiro: serem bancadas, ganharem presente caro, carro importado, viagem pra onde desse na telha, dia sim, dia não no salão de beleza, gastando o meu dinheiro como se o mundo fosse uma eterna festa. Mas ali estava ela, me pedindo um emprego. Me pedindo ocupação. Me pedindo pra ser útil. Isso, pra mim, foi um choque. Um choque bom, diga-se.Porque, no fu

Théo Narrando Chegamos na sede da Sullivan Energy Corp, exatamente no horário. Como sempre, pontualidade é o mínimo. Desci do carro com a postura ereta, passo firme, Ava ao meu lado. Ela não disse uma palavra no caminho, o que eu considerei um bom sinal. Saber calar é uma qualidade rara.Entramos pela recepção principal. Os olhares se voltaram pra mim, como de costume. Cumprimentei com um leve aceno e fui direto para o elevador privativo. Ava me acompanhava em silêncio, andando dois passos atrás. O som dos nossos sapatos ecoava nos corredores como uma marcha bem ensaiada.Assim que a porta do elevador se abriu no meu andar, Lucila já estava esperando. Sempre pontual, eficiente e atenta, como uma secretária deve ser.— Lucila, essa é Ava. A partir de agora, minha nova assistente pessoal.Lucila olhou rapidamente para Ava, avaliando dos pés à cabeça com aquele olhar afiado. Não perdeu tempo.— Por favor, seus documentos.Ava abriu a bolsa calmamente e entregou tudo nas mãos da Lucila,

Théo Narrando Depois de transar com a Ava, voltei pro meu quarto com aquela sensação de missão cumprida. Apesar de inexperiente Ava consegue ser uma delícia de mulher, mas eu prefiro o meu espaço, o meu silêncio. Tomei um banho morno, deixei a água cair nos ombros, tentando desligar a mente. Mas, como sempre, não funcionou.Insônia. Minha velha e fiel companheira.Me joguei na cama, peguei o celular no criado-mudo e fiquei ali, rolando a tela sem foco. Notícias, gráficos, projeções, o mesmo de sempre. Nada me surpreende mais. Até que veio uma notificação. No e-mail da empresa.Pensei duas vezes antes de abrir. Era tarde, mas alguma coisa me chamou atenção. O remetente não era qualquer um. Li o nome em letras maiúsculas e arqueei a sobrancelha, surpreso.SHAIKH AL RASHID BIN ZAYED AL HAKIM.Um dos nomes mais poderosos dos Emirados Árabes Unidos.Abri o e-mail ali mesmo, na tela do celular. O conteúdo era direto e formal, como gosto. O sheik estava me convidando pessoalmente para visit

Théo Narrando O dia tinha sido um inferno. Gente incompetente, decisões travadas e mais uma leva de reuniões que pareciam só servir pra testar a minha paciência. Mas, no fim da tarde, veio a única coisa que prestou: um momento rápido com a Ava na minha sala. Aqueles minutos em que ela perde o controle, fecha os olhos e geme baixo, revirando os olhos enquanto eu meto com força, valem mais do que qualquer contrato assinado.É ali, entre uma parede e a mesa, que eu descarrego o peso da liderança. E ela sabe disso. Mesmo que não diga uma palavra.Logo depois, vesti a camisa de novo, ajeitei o relógio no pulso e fui direto pra próxima reunião. Dessa vez era com o Bryan, vice-presidente da empresa e meu melhor amigo desde a época em que ainda usávamos terno grande demais e achávamos que sabíamos tudo.Ava não me acompanhou. Ficou na minha sala organizando os documentos do setor financeiro que pedi mais cedo. Melhor assim. Eu precisava de um tempo longe daquele perfume e daquele olhar conti

Théo Narrando Eu estava ali, do outro lado da sala, falando com o avô de um dos meus parceiros de negócios. O clima estava tenso, os homens ao meu redor discutindo cifras, planos e acordos que poderiam mudar tudo. O som dos copos tilintando e o murmúrio das conversas de fundo eram os únicos sons que me mantinham ali, aparentemente imerso na conversa, mas minha mente estava em outro lugar. Em Ava.Ela estava lá, do outro lado, conversando com algumas mulheres, com aquele vestido que parecia ter sido feito sob medida para ela. Não havia esforço, mas sua presença era inegável. Sua elegância era como uma aura, atraindo todos ao redor. Não era apenas um estilo refinado; ela exalava uma confiança tranquila que, pra mim, era simplesmente hipnotizante. E eu estava morrendo de ciúmes. Não tinha como não reparar nas olhadas disfarçadas dos homens, os suspiros contidos das mulheres. Ela fazia tudo parecer tão fácil, e isso só me irritava mais. Era como se ela fosse uma obra de arte em um museu,