POV Isadora Ferraz
Dante beijou minha testa e foi embora.
A porta se fechou com um clique suave, mas o som ficou ressoando dentro de mim como um trovão abafado.
Eu fiquei parada, no meio da sala, com a carta da minha ex-sogra rasgada em cima da mesa. O celular desligado. O peito apertado. E a cabeça fervendo.
Quando Olívia entrou pela porta, cheia de risos e cheiros de noite boa, bastou um olhar pra ela saber.
— O que aconteceu?
Me sentei no sofá como quem entrega o corpo. Falei tudo. Do bilhete da Célia. Da nova mensagem de Heitor. Da noite com Dante. Cada vírgula era pesada. Cada confissão, um espinho arrancado.
Olívia ouvia calada, mas o maxilar dela ia apertando a cada frase.
— Eu sabia que ele era um lixo, mas não sabia que era um lixo inteligente. Esse tipo é o pior.
— Ele não vai parar, Oli. Ele não vai desistir até me destruir. Até eu implorar.
— Então a gente não implora. A gente reage.
— Como? A polícia não vai fazer nada. E eu não tenho provas suficientes pra ferrar com ele