Capítulo 45 Voltar a Paraty era como andar por dentro de uma fotografia antiga. Tudo tinha aquele tom meio sépia, meio salgado de lembrança e reinício. Os dias pareciam longos, e as horas carregavam um silêncio que eu já não temia.Na Fundação, os corredores já não me soavam estranhos. E as salas onde eu passava os olhos pelas peças e projetos, agora pareciam mais minhas do que nunca.A equipe era gentil, os dias eram intensos e os desafios, instigantes. Mas, no fundo, havia uma contagem invisível de tempo em mim. Como se a cada projeto finalizado, a cada página de relatório assinada, uma pergunta se reafirmasse dentro de mim: “Quanto tempo mais até voltar?”Porque, mesmo que eu tivesse voado para longe, alguma parte de mim permanecia no casarão. Na varanda onde Miguel me ofereceu o primeiro lanche. No ateliê improvisado onde descobri minha própria voz de novo. E, principalmente, nos olhos dele, que não me cobravam nada, mas me esperavam mesmo as
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