O som das malas sendo arrastadas pelo piso de mármore ecoava pelo saguão do aeroporto particular. Isabela ajeitou os óculos escuros no rosto, tentando — em vão — parecer indiferente ao frio na barriga que sentia. Tudo naquela situação era surreal.Ela, em um jato particular, a caminho de uma viagem “romântica” com o próprio marido de contrato. Só que, ultimamente, aquele contrato parecia cada vez mais abstrato… quase inexistente.Leonardo caminhava ao lado dela, impecável como sempre. Jeans escuro, camisa branca dobrada até os antebraços, óculos escuros e aquele andar seguro, dono de si, de quem sabia exatamente o efeito que causava — especialmente nela.— Está nervosa? — perguntou, com aquele tom de voz baixo, rouco, que parecia deslizar diretamente pela pele dela.— Nervosa? — Ela forçou um riso sarcástico, segurando firme a alça da bolsa. — Por favor… Nem um pouco.Ele arqueou uma sobrancelha, claramente se divertindo.— Claro... A tensão no seu maxilar diz o contrário.Ela bufou,

A luz da manhã filtrava-se pelas frestas das cortinas, enchendo o quarto com um brilho suave, quase tímido, como se respeitasse o que havia acontecido ali na noite anterior.Isabela despertou lentamente, ainda sentindo o corpo dolorido, porém leve, como se cada pedaço dela tivesse sido cuidadosamente tocado, marcado. Por um segundo, ficou de olhos fechados, permitindo-se relembrar cada detalhe — os beijos, os toques, os suspiros, os sussurros que haviam preenchido aquele quarto.Mas, assim que virou-se de lado e seus olhos encontraram Leonardo, tudo dentro dela se apertou.Ele estava ali, dormindo, deitado de lado, com o rosto sereno, os cabelos levemente bagunçados e o braço ainda jogado sobre sua cintura, como se, mesmo inconsciente, não quisesse deixá-la escapar.Seu coração acelerou."E agora?" — a pergunta martelava na sua mente. Eles haviam cruzado uma linha da qual não poderiam mais voltar. E não era só sobre o desejo, não... era sobre tudo o que aquela noite representava.Isab

OO silêncio da noite parecia mais intenso do que qualquer palavra poderia ser. Era como se o mundo tivesse parado, deixando apenas o som da própria respiração e o eco das emoções que Isabela tentava controlar, mas que transbordavam silenciosamente dentro dela. Deitada na cama, ela fitava o teto sem realmente enxergá-lo, perdida entre o calor do seu corpo ainda aceso e o caos absoluto que dominava sua mente. Cada segundo daquele dia, cada instante vivido com Leonardo, rodava em sua cabeça como um filme sem fim, um replay implacável que não a deixava escapar.Cada toque dele, tão inesperado quanto carregado de significado. Cada beijo, suave e ao mesmo tempo urgente, que fazia seu coração disparar e sua respiração falhar. Cada olhar, daqueles que dizem muito sem precisar de palavras, carregados de uma intensidade que a deixava vulnerável e ao mesmo tempo desesperadamente atraída.Ela levou as mãos ao rosto, sentindo a pele quente sob os dedos, tentando, em vão, encontrar um pouco de cal

O salão parecia ter se transformado em um campo de batalha disfarçado de festa. As taças tilintavam, os sorrisos eram falsos, e os olhares… afiados como lâminas.Isabela segurava o braço de Leonardo com elegância, a postura impecável, mas cada passo que dava era uma afirmação para si mesma: ela não era mais a mulher traída, humilhada, descartável. Agora, era uma Vasconcellos. E se aqueles olhares esperavam vê-la quebrar… sairiam decepcionados.— Está pronta? — Leonardo perguntou ao ouvido dela, a voz baixa e rouca, enviando um arrepio pela espinha dela.— Mais do que nunca — respondeu, mantendo o sorriso impecável nos lábios.— Ótimo, porque Sabrina está vindo na nossa direção — avisou, fingindo brindar com uma taça de champanhe.Isabela não precisou nem procurar. O perfume adocicado e enjoativo da rival chegou primeiro que sua presença. E lá estava ela: Sabrina. Impecável, maquiada, vestindo um vestido vermelho justo demais, sorrindo como se fosse dona do mundo… ou, pelo menos, dona

O silêncio no elevador era pesado. Apenas o som da respiração de ambos preenchia o espaço estreito. Leonardo mantinha a postura rígida, com as mãos nos bolsos da calça social, enquanto Isabela, encostada discretamente na parede, lutava contra a própria inquietação.Desde que saíram do carro, ele não soltou sua mão. Nem parecia aquele homem frio e distante que ela conheceu no dia do casamento. Era como se, de repente, ele assumisse para si a responsabilidade de protegê-la de todo o caos que os cercava.Quando as portas se abriram no último andar, o advogado já os esperava à porta da sala de reuniões, com uma expressão séria e papéis em mãos.— Temos problemas — ele anunciou, direto.Leonardo apertou o maxilar.— Mostre.Eles se sentaram à mesa. O advogado espalhou os documentos, junto com impressões de conversas de WhatsApp, extratos bancários, contratos adulterados e movimentações suspeitas.— Matheus estava desviando dinheiro há meses. — Ele apontou para os documentos. — E não agia s