Caius VarellaA porta bateu atrás de mim, mas o som ecoou dentro. Dentro do peito. Dentro da cabeça.A raiva me queimava. Não por ver a foto. Não por acreditar 100% que Selene tinha algo com aquele desgraçado. Mas porque, no fundo, eu não sabia mais o que ela sentia. E isso… me deixava insano.A chuva voltou como se o céu tivesse sentido minha explosão. Grossa. Pesada. Sincera. Igual ao que eu fingia não sentir. Andei pelas ruas molhadas como um fantasma de mim mesmo. A cidade era bonita demais pra quem estava por dentro em ruínas.Cada gota d’água na minha pele me fazia lembrar da dela. Do gosto da pele dela. Do jeito que ela se abriu pra mim naquela cama. Do som do meu nome nos lábios dela quando gozou. E ainda assim, aqui estou eu, andando como um idiota, como se fugir resolvesse algo.Foda-se, Varella. Volta lá e resolve isso.Mas aí... algo me prendeu.Um som.A chuva cobria tudo, mas ali, do outro lado da rua, um violino tocava. De verdade. Um homem de meia-idade, encharcado, co
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