O vídeo de Helena havia sido visto mais de dez milhões de vezes em menos de vinte e quatro horas. Nos corredores dos tribunais, nas assembleias e até em bastidores políticos da capital, o nome Projeto Orquídea se tornou uma bomba-relógio.Algumas figuras públicas começaram a se afastar de Carlos Ferraz e de Augusto Rezende, tentando salvar suas próprias peles. Denúncias anônimas se multiplicavam. Jornalistas investigativos finalmente tinham uma trilha concreta para seguir. O caos estava instaurado.Mas no topo da pirâmide, alguém observava tudo com atenção — e frieza.Num luxuoso escritório em Brasília, o homem chamado apenas de “Sr. D.” apagava o charuto num cinzeiro de prata enquanto assistia ao vídeo pela enésima vez. Ele não era político. Não era empresário. Era o elo invisível entre o poder e o crime.— A menina deu trabalho — murmurou.Do outro lado da sala, uma mulher elegante — cabelos ruivos, óculos de armação fina e uma cicatriz discreta no queixo — esperava silenciosamente.

O rosto de Helena estava estampado em todos os portais de notícia. Após o sequestro frustrado, as imagens da estrada deserta e do carro destruído circularam como prova de que ela não estava apenas em uma disputa política — ela era alvo de algo maior. De algo que muitos preferiam fingir que não existia.Melissa, a jornalista independente, não perdeu tempo. Publicou um editorial contundente:“Se algo acontecer a Helena Martins, o Brasil inteiro saberá quem silenciou a única mulher disposta a derrubar o que ninguém tem coragem de enfrentar: o império invisível de Dominus.”Mas Helena sabia que apenas manchetes não seriam suficientes.Ela precisava de aliados. E para isso, teria que bater em portas que nunca imaginou bater.Dois dias depois, em uma sala discreta de um antigo prédio da Polícia Federal, Helena se encontrou com Augusto Rezende.O ex-conselheiro, agora sob proteção em troca de colaboração, estava envelhecido, derrotado, mas vivo.— Veio dançar com o diabo que tentou te queima

As horas seguintes ao lançamento do vídeo foram um caos.Centenas de jornalistas tentavam confirmar a veracidade do convite. Especialistas em segurança e política opinavam nas redes sociais, divididos entre a loucura de Helena e sua coragem sem precedentes. A palavra “Dominus” se tornara trending topic mundial — mesmo que ninguém ainda soubesse quem ele era.Naquela manhã, Helena se olhou no espelho.Os olhos já não carregavam a inocência de antes. Ela não era mais a mulher traída, desmoronada, à sombra da irmã. Era outra coisa agora. Um símbolo. Um risco. Uma ameaça real.Leonardo entrou no quarto, segurando um tablet.— Confirmaram presença. Cinco equipes de jornalistas independentes, além da ONU e dois órgãos internacionais de investigação vão cobrir o evento.— E o governo? — perguntou Helena.— Silêncio. Nem apoio, nem recusa.Ela assentiu.— Esperado.— E Dominus?— Também silêncio. O que significa que ele está planejando algo.Leonardo se aproximou, abaixando a voz.— Tem certe

O Instituto Monte Azul havia se tornado um marco.Dias após o evento, vídeos da coletiva continuavam viralizando. Fragmentos do discurso de Helena, do confronto com Dr. Antunes, da mensagem final de Dominus. Os rostos dos envolvidos estampavam jornais, telas de celular, manchetes internacionais.E com a verdade exposta… veio o caos.Em frente ao prédio do Ministério Público, manifestantes gritavam slogans contra o sistema.— “Filhos da sombra, justiça agora!”— “Não em nosso nome!”— “Helena, não estás sozinha!”Mas nem todos estavam do mesmo lado.Alguns veículos de mídia tradicional acusavam Helena de "exibicionismo calculado". Grupos conservadores afirmavam que ela era apenas um instrumento de guerra política. E nos bastidores, nomes poderosos se reuniam para conter os danos — e silenciar a nova voz que surgira do meio das ruínas.Helena observava tudo da janela de um apartamento seguro, cedido por uma antiga aliada de Leonardo. Ela mal dormia. Cada ligação era uma possível ameaça.

Era noite em Montserra quando Helena apertou o botão “Transmitir ao vivo”.A câmera tremia levemente. Do outro lado da lente, milhões de espectadores aguardavam. Ela respirou fundo, sentindo o peso do momento. Não era apenas um ato de coragem — era uma declaração de guerra.Vestia preto novamente. Desta vez, não por luto, mas por enfrentamento.— Meu nome é Helena Martins Ferraz. Há três semanas, revelei ao mundo o que descobri sobre Dominus — o homem por trás de uma rede internacional de manipulação genética, lavagem de dinheiro, corrupção política e controle psicológico. Hoje, trago mais uma parte da verdade.Ela ergueu a fita VHS.— Isso que tenho aqui é uma das provas mais brutais da existência de algo chamado Projeto H. Um experimento secreto que visava criar pessoas obedientes, moldadas desde a infância, com habilidades cognitivas e emocionais manipuladas por cientistas sob ordens de Dominus.A transmissão cortou para trechos das fitas. Imagens dela ainda criança, sentada em uma