Enquanto ele se afastava, Catarina caminhava ao lado de Carlos, que havia notado seu nervosismo. — Você tem alguma ligação com a família Mayer? — perguntou com curiosidade discreta. — Não sou apenas uma empregada. Sou prima de Patrícia. Minha mãe se chamava Clara Mayer, e meu pai, Ernesto Alves. Ela morreu quando eu nasci, e ele faleceu quando eu tinha oito anos. Fui morar com minha tia Eleonor... mas ela me trata como enjeitada. Elisa me ignora sempre que pode. Patrícia era assim também, mas mudou muito nos últimos tempos. Disse que amadureceu e que agora vai me ajudar. — contou, com voz baixa, mas sem amargura. Carlos franziu o cenho, sensibilizado. — Que história... Já pensou em sair daquela casa? Catarina parou por um instante, surpresa com a pergunta. Nunca havia realmente considerado essa possibilidade. — Sair? — Você tem presença, é educada. Poderia trabalhar em uma boa casa... ou até num estabelecimento. Com sua aparência e jeito, conseguiria algo melhor. — sugeriu ele,

Chegou a tão esperada quinta-feira, e a manhã começou com um brilho especial na casa dos Mayer. Patrícia e Elisa estavam animadas — ambas se preparavam para a visita ao castelo, onde reencontrariam rostos familiares e corações que começavam a lhes ser caros. Enquanto se vestia, Patrícia escolheu um vestido de tom âmbar suave, que parecia capturar a luz do sol nascente e realçar a suavidade de sua pele. O tecido fluía como mel a cada movimento, e o penteado simples deixava seus olhos ainda mais expressivos. “Eu só irei acompanhar a minha irmã… Eu e o príncipe continuamos nos encontrando desde aquele dia no riacho. Pedi a ele que falasse com a minha mãe sobre um compromisso depois do meu aniversário.” — pensava Patrícia, ajeitando os brincos diante do espelho, o coração em expectativa, mas com calma. No quarto ao lado, Elisa se preparava com a ajuda da mãe. Sentada em frente ao espelho oval, passava uma fita de cetim azul nos cabelos enquanto Eleonor trançava delicadamente algum

Mais tarde, ao cair da tarde, a casa estava tranquila, envolta por um silêncio confortável apenas interrompido pelo leve tilintar do sino preso à coleira da gata Mia. A luz dourada do entardecer atravessava as janelas da sala, tingindo os móveis antigos com tons quentes de âmbar. Elisa estava sentada no sofá, as mãos cruzadas no colo e o semblante tenso. Chamara a mãe para uma conversa que sabia ser necessária. Eleonor sentou-se diante dela, ereta, com um ar de expectativa contida. Do outro lado da sala, Patrícia brincava com a gata Mia, balançando um novelo de lã com o qual o animal se divertia, saltando e ronronando em círculos. — Mãe... — começou Elisa, com um suspiro, fitando os olhos da mãe com firmeza. — Precisamos conversar sobre a Catarina. Precisamos tratá-la de outra forma. O que está em jogo é o meu relacionamento com Ivan. Patrícia, ainda distraída com Mia, conteve um sorriso ao recordar o retorno para casa. “Coloquei muito medo nela... Falei que se a mãe do Ivan des

A loja de vestidos era um verdadeiro encanto para os olhos — largas vitrines de vidro deixavam entrar a luz suave do final da manhã, iluminando manequins adornados com vestidos de cetim, rendas delicadas e bordados minuciosos que reluziam como pó de estrela. O aroma sutil de alfazema misturava-se ao leve perfume de tecidos novos, criando uma atmosfera de sonho. Eleonor adentrou o salão ao lado de suas filhas e de Catarina. Elisa, com os olhos aguçados e o andar confiante, logo se afastou para examinar as prateleiras mais sofisticadas, passando os dedos por detalhes bordados com um ar crítico. Catarina, por outro lado, permaneceu imóvel por um instante, como se o tempo tivesse parado. Seus olhos se arregalaram ao avistar os vestidos em tons pastel, com saias rodadas e cinturas marcadas por laços graciosos. Ela nunca havia pisado em um ambiente tão refinado, tampouco imaginado vestir algo tão belo. — Mãe, preciso sair agora. Tenho algo muito importante a fazer. — disse Patrícia,

Depois de algumas horas na loja, Eleonor saiu satisfeita com as compras — dois belos vestidos para Catarina, um de tom lavanda com bordados delicados e outro azul-acinzentado com botões perolados. Antes de partirem, ela ainda escolheu dois pares de sapatos: um de couro claro com acabamento em renda, e outro mais simples, porém elegante. Catarina segurava as sacolas como se fossem tesouros, os olhos brilhando de gratidão. Já do lado de fora, sob a luz suave do início da tarde, Ivan se aproximou com seu habitual charme. Vestia um colete cinza de corte fino, e o cabelo castanho estava bem penteado, apesar do vento leve que soprava pela rua principal. — É um prazer conhecê-la, Catarina. — disse Ivan, fazendo uma reverência cortês, com um meio-sorriso no rosto. — Igualmente. — respondeu ela, com a voz baixa, tímida, os dedos apertando a alça de uma das sacolas. Seu olhar buscou o chão por um segundo, antes de voltar ao rosto simpático do rapaz. Elisa, de imediato, se enroscou no braço