Quando Eduardo finalmente retornou de viagem, foi até a casa da Lúcia buscar o filho. Eu já havia falado sobre o fato de Davi não ter ido à escola durante aqueles dias, a recusa em continuar praticando um esporte que ele não gostava... Mas percebia em Eduardo que ele não encarava a situação com a devida gravidade, achando que era apenas uma rebeldia temporária do filho.Porém, quando ele voltou da casa de Lúcia sem Davi, entendi que a situação era pior do que eu imaginava. Eduardo não me contou tudo o que aconteceu, apenas resumiu que Davi não queria voltar para casa e que desejava morar de vez com a avó. Eduardo poderia ter forçado o retorno do filho, mas optou por atender à vontade do menino, pois achava que ele mudaria de ideia. Pediu apenas que eu fizesse uma mala com as coisas dele e tudo que fosse necessário.Havia algo mais por trás daquilo que eu não conseguia identificar, Eduardo não olhava nos meus olhos e parecia tenso. Precisei esperar mais alguns dias para conseguir um m

Quando o dia da festa de aniversário da Fernanda finalmente chegou, eu estava esgotada. Os gêmeos, à medida que os dias passavam, queriam saber mais sobre o irmão. Eu tentava fazer algumas chamadas de vídeo, mas, mesmo assim, era complicado.Com o afastamento gradativo de Eduardo, o que eu mais queria era fugir, sair porta afora e nunca mais voltar. Mas não podia fazer isso com as crianças. Porque, sim, eu tinha me apegado a elas. E depois que Davi foi embora, eu imaginava o quanto seria difícil para os dois se eu fosse também. Seria um duplo abandono.Então, eu fiquei. Falava normalmente com Eduardo, decidia as coisas do dia a dia e fingia normalidade. Mas por dentro, eu estava morrendo. Sentia saudade. Sentia falta da boca dele, do abraço, de dormir com ele. Era uma tortura estar ao lado dele sem poder tocar. Então eu levava, um dia após o outro, esperando que essa vontade passasse.— Davi vem para a festa da tia Fernanda? — perguntou Alice, enquanto eu fazia uma trança em seu cabel

Quando desci, as crianças ainda brincavam e nem tinham notado a minha ausência. A festa continuava mais animada do que nunca, e parecia que Fernanda tinha convidado a cidade inteira. Eu nem queria imaginar o estado da casa no dia seguinte.Estava esgotada e só esperava que tudo acabasse logo.— Eu queria pedir desculpas pelo meu filho — disse Antônio, aproximando-se sem que eu percebesse.— O seu filho é quem devia pedir desculpas para a Aninha, e não mandar o pai. — falei, irritada.— Ele não me mandou. Na verdade, acho que só agora percebeu o que fez e está arrependido. Mas eu pedi que se afastasse e conversasse com calma com a moça depois. Eu não sabia que ele estava envolvida com alguém.— Ele mentiu. Disse que era uma festa entre amigos, mas ele nem estudou aqui! Qual é o problema de vocês?— A verdade é que parecemos uma família normal, mas por trás da fachada, está todo mundo quebrado. Eu não sou o melhor exemplo de pai, meu pai não aceita as escolhas do único neto, e minha mãe

— Você não vai embora! — Eduardo praticamente gritou quando avisei que não trabalharia mais para ele.— Eduardo, eu já arrumei as malas. Durante esse período de transição, vou dividir o cuidado das crianças com a Dani. Avisei a Márcia, e ela disse que ia falar com você.— Mas isso é ridículo, Sofia! Foi um acidente, não foi culpa sua! O Davi quebrou o braço ao meu lado, com a Melissa a poucos passos dele!— Eduardo, isso não está em discussão. Estou apenas comunicando — falei firme. Eu não podia dar margem para discussão, nem fraquejar. Ele me olhava magoado, mas não tinha o direito de se magoar comigo.Ele passou as mãos pelos cabelos, e eu encarei aquele homem por quem, no fundo, eu era apaixonada. Por um momento, quis me perder nele, me jogar em seus braços, beijá-lo até perder o fôlego, sentir aquela barba na minha pele. Mas não podia fazer nada disso. Havia um abismo entre nós, e a melhor escolha era ir embora. Por mim, por ele, pela segurança das crianças.No fim, Eduardo aceito