— Sério, você precisa parar de aparecer aqui — falei, ao ver Antônio mais uma vez entrando no restaurante.— Só vim ver como você está, se está precisando de alguma coisa — ele disse, sentando-se na mesa que eu estava limpando.— Não preciso de nada. Já falei que não precisa se preocupar, muito menos ficar vindo aqui.Antônio não me deu ouvidos e pediu o prato do dia. Eu queria reclamar, mas também não podia negar o serviço para ele. Antônio aparecia dia sim, dia não no restaurante, sempre perguntando como eu estava e se precisava de alguma coisa. No início, insistia em saber quando eu contaria para o Eduardo, mas nos últimos dias havia desistido — assim como Tia Cleide — já que eu ficava irritada. A vantagem de estar grávida era que ninguém queria me deixar nervosa.Fui até o balcão buscar o pedido do Antônio e, quando voltei, quase deixei o prato cair no chão. Beatriz havia surgido do nada e estava sentada ao lado dele.— Então é aqui que você está trabalhando agora? Bem mais apropr

Eu ainda tinha o contato do Eduardo. Desde que saí da casa dele, nunca mais tínhamos nos falado. Foi um combinado entre nós de cortar contato, que nunca desrespeitou. Meu plano era simples: mandar uma mensagem avisando que precisava conversar. Talvez fosse no escritório dele mesmo, um lugar neutro.Mas toda vez que pegava o celular para digitar aquelas palavras, a ansiedade tomava conta e depois de alguns minutos escrevendo e apagando, eu acabava desistindo. Mais um dia passava. E outro. E mais outro. Enquanto isso, os sintomas da gravidez se intensificavam, e já não dava mais para esconder, até as minhas colegas de apartamento sabiam. Alguns dias eu vomitava tanto que parecia estar expulsando até a alma. Trabalhar em restaurante era um desafio a parte, eu vivia com o estômago embrulhado e fingir que estava tudo bem exigia uma força que eu já não tinha.— Minha filha, já falei que você precisa falar com o Eduardo logo — dizia tia Cleide com firmeza, mas com um toque de carinho — Ele

— Eu falei para você não dizer nada por enquanto! Agora tenho certeza de que meu filho vai fazer alguma besteira — disse Sandra, balançando as mãos, frustrada.Assim que soube que aquela menina interesseira estava grávida, corri para contar para a Sandra. Por pouco, não joguei na cara do Eduardo o quanto ele tinha sido ingênuo por se envolver com qualquer uma.Mas Sandra insistiu que devíamos guardar essa informação para o momento certo. O problema é que nem sempre consigo controlar meus impulsos. E, quando descobri que Eduardo ainda estava atrás de informações sobre aquela desgraçada, perdi a cabeça. Nunca imaginei que ele fosse correr atrás dela. Estava certa de que a criança era do meu irmão — afinal, ele vivia correndo atrás da garota.Agora, Sandra andava de um lado para o outro, frustrada, querendo saber o que o filho iria fazer. Eduardo era um homem decente. Eu tinha certeza de que, depois de confrontar a Sofia, ele procuraria o meu irmão, exigindo que fizesse a coisa certa. M

— Você ficou louco!? Você acredita mesmo que esse filho é seu? — minha mãe gritou, nervosa, quando falei sobre a Sofia.Eu estava disposto a fazer tudo diferente dessa vez. E antes que Sofia voltasse a morar comigo, resolvi contar logo para minha mãe e minha irmã sobre a gravidez e os meus planos. Como já imaginava, minha mãe ficou possessa. Ela sempre teve receios quanto à Sofia e seu maior sonho era me ver ao lado da Beatriz.— Eu acredito na Sofia. Nunca tive motivos para achar que ela mentiria sobre isso — respondi, tentando manter a calma.— Como pude criar um filho tão burro? É sério mesmo que um homem como você, que comanda uma grande empresa, tem três filhos, vai se deixar enganar por uma menina de 20 anos, sem nada na vida? Acha mesmo que ela está grávida "sem querer"? Que isso não é um golpe? Meu querido, esse é o golpe mais velho do mundo, e você está caindo direitinho!— Mãe, a Sofia não é assim...— Não é assim? Elas nunca são! Você não percebe que esse jeitinho de moça s

Tânia voltou com Carmen, que também me olhava espantada, embora já percebesse que eu não estava ali para reassumir o antigo cargo de babá.Eduardo falou com firmeza, ainda segurando minha mão, que agora ele fazia questão de manter entrelaçada à dele. Disse que eu iria morar ali a partir daquele dia, que estávamos namorando e que eu dormiria no quarto dele. Pediu que as duas recebessem bem essa mudança.As duas assentiram com a cabeça. Carmen parecia realmente feliz, mas Tânia, com certeza, mal podia esperar para espalhar a novidade. Sabia que, em menos de cinco minutos, o bairro inteiro estaria comentando sobre a babá que tinha dado do golpe. A conversa foi rápida. Eduardo não mencionou a gravidez — deixaria para que eu contasse com mais calma depois.Subimos com as malas para o quarto. Ele me ajudou a encontrar espaço no closet, e comecei a organizar minhas coisas. Era um sentimento estranho. Apesar do medo, eu me sentia feliz. Estava empolgada com a possibilidade de, enfim, ficar a