Marina SallesO restaurante era elegante, mas o ambiente parecia menor do que realmente era. As paredes em tons de vinho, as luzes baixas, o som suave do piano ao fundo. Tudo contribuía pra sensação de que o mundo tinha encolhido até caber só nós dois ali.Nos sentamos numa mesa mais afastada, perto da janela. O garçom deixou as taças e desapareceu com uma discrição que me pareceu ensaiada — como se até ele soubesse que aquela conversa não era pra ter plateia.Fingi que observava o cardápio, mas minhas mãos tremiam levemente. Por fora, eu mantinha a postura de sempre: fria, contida, impassível. Por dentro, o caos. Coração acelerado, garganta seca e uma saudade amarga, do tipo que sufoca e não dá trégua.— Então? — perguntei, tentando manter o tom firme. — O que você queria conversar, Dante?Ele me olhou por alguns segundos antes de responder, e naquele olhar tinha mais arrependimento do que eu queria admitir.— A verdade. — disse, por fim. — Tudo o que você tem o direito de saber.Cru
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