O que Alexey disse ainda martela na minha cabeça, repetindo-se como um eco insuportável: “Você não sabe quem seu pai realmente é.” Aquelas palavras ressoam com tanta força que parece que tudo ao meu redor está desmoronando. Meu corpo está tenso, o estômago revirado, e o ar parece denso, pesado. Como se o próprio ar estivesse ciente de que eu sabia demais, de que algo estava errado. Ele estava certo? Eu realmente não sabia quem meu pai era?Tento me convencer de que Alexey estava errado, de que meu pai jamais faria mal a mim. Ele nunca faria. Não poderia. Mas e Isabel? O que aconteceu com Isabel? Se ele fez mal a ela… quem me garante que ele não faria o mesmo comigo? A angústia cresce, se espalhando pelo meu peito, e uma onda de medo me invade. O que ele pode ter feito? O que ele ainda pode fazer? A sensação de impotência me sufoca.Sento-me na cama, tentando me acalmar, mas não consigo. O medo é palpável, quase como uma sombra que me segue, me observa de perto, esperando o momento

A frase caiu como veneno sobre a mesa. E pela primeira vez em muito tempo, eu não abaixei os olhos. Eu não engoli em seco. Eu não pedi desculpas por existir. Eu olhei diretamente pra ele, minhas sobrancelhas arqueadas. — Talvez o senhor devesse se preocupar mais com o que sai da sua boca do que com o que entra na minha — respondi, com a voz firme, calma, quase perigosa.Minha mãe ficou imóvel. O garfo dela parou a caminho da boca, e seus olhos foram de mim para ele, como se esperasse que um trovão caísse no meio da mesa.Meu pai… ele apenas me encarou. Mas algo mudou. Foi um segundo. Um instante. Mas eu vi. A surpresa. A faísca de desconcerto. Raiva. Nojo. Alexey ficaria orgulhoso de mim.O pensamento veio rápido, quente, como um abraço. Ele teria dito exatamente isso — “não abaixe a cabeça pra ninguém, Laura. Nem pra Deus, se for preciso”.Mas a dor veio junto. Ele não estava ali. Não estava pra me ver, pra me proteger, pra me lembrar que eu ainda era uma pessoa, mesmo gr