Giovanni SorrentinoRecomeçar uma vida totalmente diferente daquela para a qual fui treinado não foi fácil. Como irmão mais novo do futuro Don da Stidda, meu pai me preparou desde cedo para ser um bom consigliere, alguém fiel ao meu irmão, servindo como seu conselheiro de confiança.Mas tudo mudou depois de uma missão. Fui obrigado a matar a filha de um dos desafetos do meu pai, que vinha causando problemas nos negócios. Fiquei dividido entre minha lealdade e minhas emoções. Poderíamos ter enviado aquelas mulheres para algum lugar, dado a elas uma chance, ao invés de torturá-las e depois executá-las a sangue-frio.Aquilo me marcou profundamente. Rebelei-me e saí de casa, deixando minha mãe desesperada. Com o tempo, ela acabou aceitando minha decisão, e isso nos permitiu desenvolver uma convivência excelente. No entanto, como nunca precisei de passaporte para viajar antes, acabei ficando preso no Brasil.Foi aqui que consegui abrir meu restaurante. Hoje, ele é um dos melhores italianos

Giovanni SorrentinoColoquei a pistola nas costas e a escondi sob a camisa para que ninguém a visse. Saí correndo em direção ao carro e dirigi até o local onde o veículo da minha esposa e de sua amiga havia caído. Meu coração acelerava, e eu repetia em silêncio uma oração:Por favor, não a leve. Por favor, não a leve. Por favor, não a leve…Invadi a pista pela contramão. Alguns guardas de trânsito tentaram me impedir, mas nenhum conseguiu, ainda mais ao verem minha expressão. Quando finalmente me aproximei do automóvel delas, os paramédicos já estavam se aproximando.Consegui ver apenas a Cleide. Sua mão parecia quebrada, estava visivelmente torta. Ela balançava a cabeça, mas não parecia consciente.Tentei dar a volta pelo carro para ver minha esposa. Empurrei alguns policiais que estavam à frente e gritei:— Eu sou o marido da motorista!Mesmo assim, me impediram de chegar mais perto.— Me solta, porra! É a minha esposa! A mãe do meu pequeno Salvatore!Tentei empurrar o policial, que