O som das sirenes rompeu a noite, mas Phillip mal as registrou por causa do som irregular de sua própria respiração. Suas mãos tremiam enquanto ele embalava o corpo inerte de Katherine, seu calor se esvaindo a cada segundo. Sangue, muito sangue, encharcando sua pele, suas roupas, o próprio ar ao seu redor. Parecia que o mundo sangrava com ela. — Fique comigo, querida. — ele engasgou, com a voz embargada pelo medo. — Por favor, Kate, só... só aguente firme. Os dedos dele pressionaram a bochecha dela, mas ela não se mexeu. Seus cílios tremeram, levemente, como se ela estivesse tentando lutar contra a escuridão que a arrastava para baixo. Um soluço quebrado escapou de sua garganta. — Não faça isso. — ele implorou. — Não me deixe. A voz de Eduardo cortou o caos, ríspida e desesperada. — Os paramédicos disseram que vão para o St. Andrews. Phillip... — O tom provocador habitual havia desaparecido, substituído por algo cru e desconhecido. Terror. — Encontro vocês lá. Vou trazer to

Quando Phillip voltou ao hospital, suas pernas quase cederam. As paredes brancas se fecharam ao seu redor, o cheiro de antisséptico invadiu suas narinas. Os passos apressados das enfermeiras, o murmúrio distante de vozes, as luzes fluorescentes intensas, tudo era demais. Mas nada, nada comparado ao momento em que a viu. Katherine jazia ali, pequena e imóvel, a pele pálida contra os lençóis brancos. Fios e tubos a prendiam à vida, o bipe rítmico dos monitores era a única garantia de que ela ainda estava ali, ainda lutando. O corpo dele cedeu, desabando na cadeira ao lado da cama. Ele estendeu a mão para ela, fria e delicada, e a apertou como um homem se afogando. Sua cabeça se curvou, a testa pressionando os nós dos dedos dela, e a represa se rompeu. — Desculpe. — ele sussurrou, com a voz embargada. — Eu deveria ter estado lá. Desculpas jorravam de seus lábios, misturadas a orações e confissões desesperadas que ele jamais ousara dizer em voz alta. As horas se estendiam pela ete

Emma ajustou a touca de enfermeira sobre o cabelo escuro, prendendo a última mecha sob o tecido branco. Ela sempre odiou hospitais. Regras demais. Pessoas demais. Mas hoje, era o campo de caça perfeito. Ela já havia entregue o presente. Deixado na recepção. A imagem de Phillip abrindo a caixa, com o rosto pálido, a arrepiava. Mas ela ainda não tinha terminado. Não, ela queria vê-lo desmoronar completamente. Ver a devastação em seu rosto quando percebesse o quanto da vida dele ela ainda possuía. Então, ela permaneceu. Observando. Esperando. Ela se moveu sem hesitar, com passos cuidadosos, misturando-se às outras enfermeiras que passavam. Ninguém lhe lançou um segundo olhar. Essa era a beleza de um disfarce, as pessoas só viam o que esperavam ver. Ela se posicionou do lado de fora da porta, inclinando o corpo para parecer ocupada enquanto ouvia. Lá dentro, Phillip estava ao lado da cama de hospital de Katherine, com a expressão tensa enquanto falava com o médico. — ...estável,

As mãos de Emma tremiam enquanto digitava a mensagem para o cúmplice. Phillip estivera tão perto, perto demais. Se ela tivesse hesitado um segundo a mais, teria sido capturada, enjaulada como um animal selvagem, e ele a teria visto como ela realmente era. Fraca. O pensamento lhe deu um nó no estômago. Não. Ela não era fraca. Ela o havia superado naquela noite. O havia enganado. E faria de novo. Porque precisava. Porque ainda não tinha terminado. Daniel: Encontre-me no cais. Lugar de sempre. Emma expirou trêmula, guardando o celular de volta no bolso. As docas. Isso significava reagrupar-se, planejar o próximo passo. Mas enquanto caminhava, com as luzes da cidade se turvando ao seu redor, ela não conseguia afastar o fantasma dos olhos de Phillip da mente. Ele iria atrás dela. A constatação fez seu peito apertar, o pânico se apoderando de suas costelas como um torno. Phillip sempre fora persistente, mas aquilo era diferente. Ela o havia levado além do limite. Quando chegou a

O sol entrava pelas janelas da cozinha, lançando um brilho dourado sobre a montanha de comida na mesa, enormes travessas de sanduíches, saladas de verão, jarras de vidro com limonada fresca suando no calor e uma quantidade absurda de cupcakes que Katherine jurou que não tinha feito sozinha. A casa estava cheia e alegre. Katherine se encostou no balcão, rindo tanto que teve que segurar a barriga, observando Jinx tentar, sem sucesso, convencer Eduardo a experimentar um dos lendários ovos caribenhos picantes de Samantha. — Só estou dizendo, viva um pouco. — provocou Jinx, segurando o prato como se fosse puro TNT. — Estou vivendo. — disse Eduardo recuando. — Vivendo com as papilas gustativas totalmente intactas. Do outro lado da mesa, Jason e Eloise pareciam ter saído de um set de filmagem, o que, para ser justo, era verdade. Eloise usava óculos escuros enormes, como uma celebridade de ressaca, e Jason não parava de chamar todo mundo de “gata”, claramente ainda se recuperando do se