O hospital parecia respirar um ritmo próprio, abafado e pesado, como se cada parede carregasse fragmentos do que havia acontecido entre eles. Helena passou o dia mergulhada no trabalho, os olhos fixos em prontuários, os passos rápidos pelos corredores, a mente focada em tarefas que a impediam de pensar demais.Rafael, por outro lado, parecia uma sombra em seu campo de visão. Ele estava ali — nas reuniões rápidas, nas salas de cirurgia, nos corredores estreitos —, mas sempre à distância, sem ousar se aproximar. Era como se o espaço entre eles tivesse se tornado um território proibido, repleto de silêncios que diziam muito mais do que qualquer palavra.No fim da manhã, foram escalados para trabalhar juntos novamente: um paciente jovem, vítima de um acidente esportivo, precisava de uma cirurgia ortopédica delicada.Quando Helena entrou na sala de cirurgia, já paramentada, encontrou Rafael ajeitando os instrumentos na bancada. O olhar dele cruzou o dela por uma fração de segundo — rápid
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