Flora Narrando Assim que Marcos chegou, não veio sozinho. Estava acompanhado de três advogados, todos criminalistas, todos do mesmo escritório de renome. Observei cada um deles com atenção. Não queria qualquer um. Queria o melhor. Cruzei os braços e, sem rodeios, perguntei:— Qual de vocês é o mais experiente?Um senhor de postura imponente, cabelo grisalho e olhos atentos, levantou a mão discretamente.— Sou eu. Doutor Heleno. — disse, com um tom respeitoso, mas firme.— Muito prazer. Flora Ferraz. — estendi a mão, mantendo minha expressão séria. — Precisamos conversar imediatamente.Fomos para uma sala reservada e, assim que a porta se fechou, liberei toda a indignação que vinha engolindo desde o momento em que vi Evan sendo levado para a cela como se fosse um criminoso qualquer.— O que aconteceu aqui foi um absurdo — disparei. — Algemaram meu acompanhante como se ele fosse um bandido perigoso, colocaram ele numa cela imunda enquanto o Nicolai foi tratado como um príncipe. Isso é

Flora Narrando Depois que tudo foi resolvido na delegacia, levei Evan até o restaurante onde ele tinha deixado o carro estacionado. A madrugada já avançava, e as ruas estavam calmas, como se o caos do dia tivesse se esgotado junto com as horas. No banco ao lado, ele permaneceu em silêncio durante boa parte do caminho, apenas com o olhar voltado para a janela, como se processasse tudo o que tinha acontecido.Meu foco estava na direção, mas eu sentia a presença dele de forma intensa. Como se mesmo calado, Evan estivesse me dizendo tudo o que as palavras ainda não tinham dado conta. Quando estacionei em frente ao restaurante, ele virou o rosto em minha direção. Nossos olhares se cruzaram por alguns segundos, e bastou isso para que o clima mudasse.— Flora — ele disse, com a voz baixa, mas firme. — Eu quero conversar com você. Com calma. Amanhã, talvez?Respirei fundo. Não porque eu não quisesse, mas porque ainda estava tudo muito fresco. As emoções estavam fervendo sob a superfície e eu

Luna Narrando Acordei com o som da água caindo no banheiro. O sol ainda nem tinha aparecido direito pela fresta da cortina, mas o Marcos já estava de pé ou melhor, não tinha sequer deitado como devia. Ele passou a madrugada no escritório, rodeado de papéis, ligações e estratégias. Flora está furiosa com o Nicolai, e toda essa confusão envolvendo o Evan deixou os ânimos da minha irmã está à flor da pele. Só quero saber sobre essa história de namoro.Me estiquei na cama vazia e fria, passei a mão no lençol amassado e soltei um suspiro. Dormir sozinha nunca foi meu forte, ainda mais sabendo que ele estava virado de tensão.Levantei devagar, calcei os chinelos e fui até o banheiro. Abri a porta com cuidado e encontrei ele debaixo da ducha, os olhos fechados, a água escorrendo pelas costas. Sem dizer nada, entrei. Ele percebeu minha presença quando abracei sua cintura por trás e apoiei o rosto em suas costas.— Você conseguiu dormir? — perguntei baixinho, sem querer quebrar o pouco de p

Evan Narrando Acordo todos os dias antes do sol nascer, por volta das cinco e meia. O despertador toca e eu já levanto no primeiro sinal, sem enrolação. Meu corpo já está acostumado. Tomo um banho rápido, deixo a água morna escorrer pelas costas enquanto começo a organizar mentalmente tudo que preciso fazer. A obra não para, e cada dia é um novo desafio.Saio do banheiro, visto minha calça jeans reforçada, camisa de manga longa e a bota de segurança que já parece extensão dos meus pés. No bolso, o rádio comunicador. No pulso, o relógio que me lembra que cada segundo conta. Passo na cozinha, coloco duas fatias de pão na torradeira e preparo um café preto bem forte, do jeito que gosto. Como em pé mesmo, olhando pela janela, revisando mentalmente o cronograma de hoje. Não é glamour, mas é a vida que eu escolhi e gosto dela.Sete horas em ponto, já estou no canteiro. Os funcionários começam a chegar e eu vou direto para o pátio principal, onde a movimentação começa cedo. A primeira coisa

Evan Narrando Ela disse sim.A Flora, a mulher mais poderosa, linda e inacessível que eu já conheci, aceitou namorar comigo. Ali, de pé no meio do escritório dela, com a lua cheia de testemunha, atrás das enormes janelas e aquele sorriso que ela tentava esconder, ela me disse sim.O coração ainda batia descompassado no meu peito quando me levantei do chão e puxei ela pra um beijo. Mas não era qualquer beijo. Era um beijo carregado de tudo que a gente segurou por tempo demais. Ela colou o corpo no meu, as mãos cravadas na minha nuca, e eu já não sabia mais onde começava ou terminava o controle.Não existia mais chefe e funcionário. Não existia mais regras. Existia só a gente.Fui guiando ela até o sofá do canto, aquele que sempre foi palco de conversas sérias e decisões importantes. Mas agora, ia ser cenário de outra coisa. Algo bem mais intenso.Flora caiu sentada ali com um sorriso malicioso nos lábios, as pernas cruzadas como se quisesse brincar com o meu desejo. Ela sabia exatame