Evan Narrando Já era fim de tarde quando saí da obra com o objetivo claro de resolver um ponto técnico com Flora. Preferi não mandar mensagem. Eu precisava vê-la profissionalmente, claro, ou pelo menos era o que eu dizia a mim mesmo. Dirigi direto até a sede da Ferraz e entrei no elevador até o último andar, onde apenas os diretores e a presidência tinham acesso.Ao sair, fui recebido pela secretária, sempre séria, sempre eficiente.— Boa noite, senhor Evan. Está aqui para falar com a Senhora Flora?— Estou, sim. Pode avisá-la, por favor.Ela assentiu, pegou o telefone e, com voz firme, anunciou minha chegada. Em poucos segundos, ouvi a voz de Flora do outro lado da linha, mesmo de onde eu estava:— Pode mandar entrar.Caminhei até a porta dupla e entrei. Ela estava sentada, elegante como sempre, de pernas cruzadas e postura impecável. Apenas levantou os olhos dos papéis e me observou.— Tranque a porta, Evan.Sem hesitar, obedeci. Girei a chave, e antes que eu pudesse dizer qualque

Flora Narrando Encarei o celular por alguns instantes, imóvel. A mensagem de Evan ainda brilhava na tela, como se as palavras tivessem se cravado em mim. — Eu sei que deveria respeitar seus limites, mas não consigo parar de pensar em você.Meus dedos deslizaram devagar sobre o teclado virtual.— Me envie o endereço — digitei, seca, direta. E antes que pudesse refletir demais sobre isso, pressionei “enviar”.A resposta chegou em menos de trinta segundos, com localização exata. Um flat discreto em um bairro de luxo, a poucos minutos da casa dos meus pais. Não respondi. Apenas levantei.Fui até o closet com a segurança de quem sabe exatamente o impacto que pode causar. Abri a gaveta de lingerie e, sem hesitação, escolhi um conjunto de renda preta. A calcinha tinha laterais finas e recortes estratégicos que valorizavam minhas curvas. O sutiã, estruturado e ousado, realçava meu busto com perfeição. Por cima, vesti um vestido midi em seda vinho, com alças finas e uma fenda lateral que dei

Flora Narrando Na minha mesa, tudo estava em seu devido lugar. A correspondência separada por prioridade, os relatórios impressos com os grampos alinhados, e meu tablet atualizado com as últimas planilhas da diretoria de obras. É assim que eu gosto organização absoluta.Assim que abri o relatório da visita técnica, o nome de Evan saltou entre as linhas. Detalhado, preciso, direto. Acompanhei com atenção cada ponto, desde o andamento da concretagem à atualização do cronograma de entrega da estrutura metálica. Tudo estava como deveria estar.No entanto, uma observação no fim do relatório me chamou a atenção. “Durante a visita do proprietário da obra, houve um pequeno embate. O engenheiro responsável manteve a postura profissional diante das provocações do cliente e seguiu garantindo a continuidade da operação com firmeza.”Meu olhar endureceu por um breve instante.Sabia exatamente quem era o “proprietário”. Nicolai.Suspirei, fechando o relatório com cuidado. Não me surpreendia. Ele

Evan Narrando A manhã estava quente no canteiro, o sol batendo forte no capacete e o concreto fervendo sob os pés. Era um dia importante, o senhor Ethan Ferraz, o engenheiro mais respeitado que essa cidade já viu, tinha marcado uma visita técnica à obra. A presença dele mexia com todo mundo, principalmente comigo. Era o tipo de cara que não elogiava por educação. Se dissesse que algo estava bom, é porque estava excelente.Quando ele chegou, pontual como sempre, fez questão de inspecionar cada detalhe com calma. Andou comigo por todos os andares, observando, medindo, avaliando o cronograma, os materiais, a execução.— Trabalho limpo, bem feito. — ele disse por fim, me encarando com aquele olhar de quem já viu muito mais do que eu poderia imaginar. — Dá pra ver que você tem a obra na palma da mão. É cem por cento de aproveitamento. Parabéns, Evan.Agradeci com um aceno discreto, mas por dentro o peito se inflou. Ouvir isso dele, era mais do que reconhecimento. Era um selo de respeito.

Flora Narrando Depois de momentos intensos e maravilhosos com Evan no meu escritório, me vi envolvida por uma leveza incomum. Havia algo nele que me tirava da zona de controle e, me fazia querer ceder. Quando ele me convidou para jantar, pela primeira vez, não me vi tentando recusar. Apenas consenti com um aceno e um sorriso.Me limpei rapidamente, lavei as mãos e o rosto, e ali mesmo no lavabo, refiz a maquiagem. Um traço sutil nos olhos, um batom discreto, e pronto. Eu estava impecável, como sempre, mas com o frescor de quem acabou de viver algo bom.Saímos da sala juntos, mas cada um seguiu em seu carro. Preferi manter a discrição, como de costume. Fui seguindo o veículo dele pelas ruas da cidade até estacionarmos em frente ao restaurante. Era um dos meus favoritos: elegante, silencioso, com um serviço irrepreensível e vinhos perfeitamente guardados na temperatura correta.Quando entrei, não percebi nada de estranho. Caminhei até a mesa indicada pelo maître e me sentei de frente