Flora Narrando
Depois que tudo foi resolvido na delegacia, levei Evan até o restaurante onde ele tinha deixado o carro estacionado. A madrugada já avançava, e as ruas estavam calmas, como se o caos do dia tivesse se esgotado junto com as horas. No banco ao lado, ele permaneceu em silêncio durante boa parte do caminho, apenas com o olhar voltado para a janela, como se processasse tudo o que tinha acontecido.
Meu foco estava na direção, mas eu sentia a presença dele de forma intensa. Como se mesmo calado, Evan estivesse me dizendo tudo o que as palavras ainda não tinham dado conta. Quando estacionei em frente ao restaurante, ele virou o rosto em minha direção. Nossos olhares se cruzaram por alguns segundos, e bastou isso para que o clima mudasse.
— Flora — ele disse, com a voz baixa, mas firme. — Eu quero conversar com você. Com calma. Amanhã, talvez?
Respirei fundo. Não porque eu não quisesse, mas porque ainda estava tudo muito fresco. As emoções estavam fervendo sob a superfície e eu