Flora Narrando
O dia já estava no fim. A luz do pôr do sol atravessava as cortinas do meu escritório. O silêncio era confortável, depois de tantas reuniões, decisões e responsabilidades. Eu já tinha dispensado a Juliana, minha assistente, e estava pronta pra desligar o computador e encerrar o expediente.
Foi quando alguém bateu na porta.
— Pode entrar — falei, sem nem me virar.
A porta se abriu com suavidade. O perfume veio primeiro. Aquele cheiro amadeirado, envolvente, que fazia meu corpo reagir antes mesmo de vê-lo. Evan. Ele entrou com aquela postura que sempre me fazia lembrar que, apesar da minha frieza calculada, ainda era feita de carne e desejo.
Me virei devagar. Ele estava ali, me encarando como se tivesse atravessado a cidade só pra me ver. Os olhos fixos em mim. Meu olhar percorreu cada centímetro dele, sem pressa. Aquilo não era jogo. Era apreciação.
— Você tá ocupada? — ele perguntou, com aquele sorriso de canto que eu detesto gostar tanto.
— Não mais. Acabei agora — Mi