KlausO motor do pequeno bote ronronava suavemente, cortando a superfície calma da água. Klaus e Alyssa estavam abraçados, apreciando o horizonte pitoresco da belíssima Santorini, enquanto o iate ficava para trás. O silêncio entre eles era confortável, preenchido apenas pelo som do motor e pelo leve balanço das ondas. Ele alisava o cabelo da amada, que suspirava, satisfeita com o sentimento de paz e compreensão mútua compartilhados. — Sabe, Alyssa, quem vai gostar da notícia de que voltamos é mamãe.Alyssa sorriu timidamente ao lembrar da Eleni. Após o casamento, as duas conseguiram fazer uma boa amizade. Até viajaram alguns finais de semana, juntos, fazendo a senhora muito feliz, no entanto o término do casamento foi horrível para Eleni também. Apesar de não suportar Heitor Petrakis, ela gostava de Alyssa.— Puxa, será que Eleni não está magoada comigo? Afinal, esse período deixei de falar com ela.— Que nada. Mamãe também estava na expectativa de eu voltar pra você. — Bom

( Passado)AlyssaO evento beneficente no salão nobre do Grand Hotel Poseidon era um hábito extravagante de Marco Demetrius. De três em três meses, ele usava a solidariedade como pretexto para expandir o seu prestígio, firmando parcerias de forma estratégica com outros empresários gregos.O vinho da Demetrius Vineyards era a estrela em todas as suas festas, naturalmente. Além disso, ele apreciava espalhar mesas de bufê, repleta de iguarias gregas e internacionais e misturando-se ao perfume das flores ele criava no ambiente uma atmosfera única e agradável.Entre convidados elegantes, vestidos com roupas que refletiam o luxo, Marco Demetrius passava o legado de usar esses eventos a seu favor. Mas naquela ocasião em especial, Marco Demetrius queria dividir o seu apogeu. Ele fazia questão de exibir a todos o responsável pelo seu sucesso. Klaus, seu querido marido, destacou-se rapidamente na empresa e em três meses tornou-se o maior salário da Demetrius Vineyards, com o cargo de CEO.

O aniversário de Katia acontecia ao ar livre, na manhã fresca do sábado ateniense. Havia uma enorme mesa elegantemente posta sob a sombra de um gazebo branco. De mãos dadas com Klaus, Alyssa apreciava o aroma de ervas mediterrâneas e especiarias que se misturava ao perfume das flores, criando uma atmosfera de calorosa celebração entre os Petrakis.Um bufê farto exibia a riqueza da culinária grega. Moussakas quentes, com suas camadas de berinjela, carne moída e bechamel cremoso, dividiam espaço com suculentos souvlakis.Um grande tabuleiro de spanakopita, a deliciosa torta de espinafre e queijo feta, saladas gregas, com tomates suculentos, pepinos frescos, cebolas roxas e azeitonas pretas, salpicadas de queijo feta e orégano.Não faltavam também os tradicionais dolmades, folhas de uva recheadas com arroz e ervas, e uma variedade de pães pita e o rústico pão de centeio. Alyssa observava aquela cena de iguarias gastronômicas e até imaginava a sobremesa, um baklava, com suas camadas

( Presente)KlausO último dia do Festival estava sendo um sucesso, pois além das visitações aos stands, o palco fervilhava agora com uma banda grega com canções conhecidas. No mesmo ritmo estava Klaus, que em meio a entrevistas, flashes de câmeras, sorrisos forçados para os repórteres, por conta da premiação, ainda precisava se desviar das perguntas sobre a sua volta com Alyssa.O " sem comentários" foi a alternativa que preferiu utilizar, mas o seu olhar brilhante e ar de felicidade era inegável. Assim que se viu livre dos repórteres, buscou o seu stand, mas a lembrança da noite anterior, a noite mágica a bordo do iate, estava em seus pensamentos. Era como se o tempo parasse, existindo apenas eles dois, perdidos em um mar de desejo. A lembrança vívida da brisa do mar, o balanço suave do iate, a lua banhando os seus corpos nus... tudo contribuiu para criar a atmosfera apaixonada, que desejava há tempos.Os beijos da saudade, os abraços longos e envolventes, a entrega total...

Ao chegar do hotel, uma hora depois, Klaus consultou a caixa de correspondências e satisfeito viu que a mãe mandou o documento que previsava. Deixou guardado no porta-luvas do carro.Abriu a porta de casa, jogou as chaves sobre a mesinha de centro, o som metálico ecoando no silêncio da sala.Sentiu falta do habitual "Oi, amor!" de Alyssa, mas só encontrou um silêncio pesado, quase opressivo. — Alyssa? Nesse instante, ouviu o som de passos, ao mesmo tempo que seus olhos foram atraídos para uma mala grande e preta, encostada na parede, próxima à porta da escada. Um nó se formou em seu estômago.Então, ela apareceu. Alyssa descia as escadas, a expressão impassível, carregando outra mala menor.Assim que seus olhos se encontraram, o semblante de Alyssa endureceu ainda mais. Aquele olhar gélido, que ele conhecia tão bem, o congelou no lugar. — Oh, não! Alyssa, o que está fazendo?Ela ficou em silêncio. A boca comprimida numa evidência de que algo muito sério a fez tomar aquela a