A respiração ainda era irregular, o ar da sala carregado de sexo e entrega. Os corpos entrelaçados repousavam no couro quente da cama baixa, mas a chama entre eles não havia se apagado, apenas mudado de forma.Sophia, estava deitada sobre o peito nu do marido e traçava com a ponta do dedo a cicatriz que ele carregava perto da costela, uma lembrança antiga do seu passado. Giovanni apenas a observava, os olhos semicerrados, os dedos deslizando preguiçosos pelos cabelos dela.Ela ergueu o rosto e sorriu, os lábios ainda levemente trêmulos da última explosão de prazer. Mas havia algo mais ali, uma chama travessa, uma provocação doce.— Acho que… — disse mordendo o lábio inferior com charme &m

 O som da água escorrendo para dentro da banheira preenchia o banheiro com uma melodia suave e constante. Pequenas nuvens de vapor já começavam a dançar no ar, deixando o ambiente quente e acolhedor, como um abraço em forma de vapor. O banheiro espaçoso, todo em tons claros e detalhes em madeira clara, cheirava a shampoo de maçã verde e sabonete infantil.Ajoelhado ao lado da banheira, com as mangas da camisa arregaçadas e a bermuda já molhada até os joelhos, Giovanni testava a temperatura da água com a dedicação de um químico experiente. Enfiava a mão, girava os dedos, franzia o cenho e murmurava palavras para si mesmo como se estivesse preparando um banho real para uma princesa e, no fundo, era exatamente isso.— Temperatura ideal

A sala estava envolta num silêncio raro, do tipo que só se alcança quando a realeza da casa finalmente se rende ao sono. Nora dormia tranquila nos braços do pai, enrolada em uma manta macia com orelhinhas de coelho e o rostinho colado contra o peito de Giovanni, como se ali fosse o único lugar seguro do mundo. Ele estava sentado em sua poltrona favorita, pernas cruzadas, olhar atento, expressão serena… e completamente entregue. O homem que era conhecido por colocar medo em empresários e políticos, mulheres se subjugavam aos seus pés, agora murmurava frases desconexas, cheias de carinho, só para manter a filha no estado de paz absoluta. Ao lado dele, Liam observava a cena com um sorriso bobo no rosto e os olhos brilhando. — Cara, essa garotinha é de outro mundo. — disse, quase sussurrando. — É linda demais. Parece feita à mão. Giovanni, com os dedos longos acariciando lentamente os cachos loiros da filha, respondeu com a voz rouca e cheia de ternura: — Eu sou completamente apaixo

 Marie Leroy chegou a Nova York numa quarta-feira abafada de novembro, trazendo a elegância cuidadosa que aprendera em Paris, mas também o peso de uma saudade que lhe ensombrecia o sorriso. Na alfândega, apresentou passaporte com a mesma firmeza com que um dia ofereceu os pulsos a grilhões de couro e apesar de o agente não saber disso, o tremor que percorreu sua espinha não tinha nada que ver com burocracias, mas com o nome que latejava em sua mente havia semanas: Giovanni Bianchi.Quase dois anos antes, ela partiu para a França pretendendo reinventar-se. Estudou História da Arte, flertou com novos amantes, vestiu outras peles. Ainda assim, nas noites em que o Sena refletia luzes de pontes antigas, recordava o murmúrio grave de um homem que a ensinara a dissolver-se entre ordens e prazer. Giovanni foi o seu Dom e não apenas isso: foi o primeiro a decifrar as sombras por trás do verniz impecáve

 O som constante das palminhas ecoava animado dentro do carro enquanto Giovanni mantinha os olhos fixos na estrada. Nora, no colo de Sophia, gargalhava encantada com tudo ao redor, como se o mundo fosse uma grande novidade a ser descoberta a cada segundo. Os cachinhos dourados da menina balançavam a cada movimento que fazia, e seus olhos brilhantes buscavam o pai como se ele fosse o centro do universo.— Papá! Papá! — ela chamava em meio às risadas, batendo as mãozinhas no ar com a empolgação de quem acreditava que bastava repetir para conquistar toda a atenção.Giovanni, apesar da postura habitual contida, não conseguiu evitar o leve repuxar nos lábios ao ouvir aquela voz doce. O nome dito por Nora soava como uma canção desconhecida e perfeita. M