A sala de reuniões da clínica era fria e estéril, quase impessoal, como se o próprio ambiente soubesse das decisões brutais que seriam tomadas ali. As paredes cinzas refletiam a luz branca, crua, que zumbia acima das suas cabeças. Um aroma discreto de aromatizante pairava no ar, impregnando cada respiração com uma lembrança constante da fragilidade da vida.Alberto ajeitou-se na cadeira, a mandíbula tensa, os nós dos dedos pálidos de tanto apertar o braço do assento. Sua cabeça latejava, como se o mundo inteiro estivesse comprimido dentro do crânio. Quando a porta se abriu, o som pareceu ecoar como um trovão em seus ouvidos.A oncologista entrou, seguida por dois outros médicos, um hepatologista e um obstetra especializado em gestações de alto risco. A mulher sorriu de forma profissional, mas seus olhos denunciavam a gravidade do que estava por vir.— Boa tarde, senhor Darius. — disse ela, estendendo a mão. — Sou a doutora Miriam Torres. Acredito que já tenhamos nos encontrado antes,
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