Ronaldo Marcus estava sentado de frente para mim, me encarando, esperando que eu tomasse uma decisão a respeito do assunto que acabávamos de colocar em pauta. — Vou chamar minha esposa. Ela precisa estar por dentro de tudo o que estiver acontecendo. — afirmei. — Tudo bem, eu espero. Nós precisamos iniciar o mais rápido possível o processo. Margarida vai ser uma testemunha-chave, ela precisa estar ciente de tudo. — ele repetiu o que já havia dito a mim há pouco tempo. Acenei e me levantei, deixei ele relendo o processo e saí do escritório. Sabia que Margarida estaria na sala com Emma e nosso filho. — Como estão os amores da minha vida? — perguntei, ao ver os três juntinhos no tapete. — Papai, a mamãe está contando uma história para nós. — Emma disse. — É mesmo? — sorri. — E qual é a história? — Aquela que eu gosto, do príncipe que encontra a princesa na estrada e a salva da morte, leva ela pro castelo dele e depois casa com ela. — falou animada. Olhei para Margarida e dei uma

À medida que a semana avançava, eu me pegava cada vez mais inquieto. A preocupação com a segurança de Margarida vinha crescendo como uma sombra silenciosa. Eu faria o que fosse necessário para manter minha esposa protegida. Por sorte, meus pais estavam chegando de viagem naquele dia para ficar com as crianças durante os dias em que teríamos que ir ao fórum, só essa ajuda já me tirava um peso dos ombros. — Amor, pode me ajudar aqui? Ele não fica quieto. Sorri. Nosso bebê balançava as perninhas com uma energia inesgotável enquanto ela tentava, sem sucesso, vestir a roupa nele. Aproximei-me, peguei o enorme cachorro de pelúcia e o ergui no alto. O olhar dele se fixou imediatamente, como se aquilo fosse o espetáculo do ano. Foi o tempo perfeito para ela terminar de abotoar o macacão de dinossauro, que ficou uma gracinha nele, ainda mais com aquelas bochechas redondinhas escapando pela gola. — O que houve? Por que está tão calado? — ela perguntou, estreitando os olhos para mim. — Nã

Depois que entramos e nos sentamos, uma onda de adrenalina finalmente começou a se dissipar, deixando um silêncio estranho dentro de mim. Meu coração, antes em disparada, aos poucos encontrou um ritmo menos caótico… mas ainda distante de algo que pudesse chamar de normal. A sala do tribunal era grande, fria e impessoal. Tudo parecia ecoar: o arrastar das cadeiras, o abrir de pastas, o pigarro de quem estava nervoso. Eu sentia cada som como se estivesse dentro de um aquário, ouvindo tudo de longe, distorcido, como se houvesse uma barreira entre eu e o mundo real. Ronaldo não me deixou sentar sozinha na cadeira ao lado de Marcus, nem por um segundo. Ele deu um jeito de ocupar a poltrona estreita ao meu lado, ignorando completamente o desconforto, como se a proximidade fosse o único lugar possível para ele existir naquele momento. Quando o julgamento teve início, o ar pareceu mudar. Ficou mais pesado, mais denso, quase palpável. As vozes dos advogados passaram a preencher cada cant

Margarida Quando chegamos em casa, algumas horas depois, Ronaldo me olhava diferente, havia algo quase divertido, quase predatório, brilhando no olhar dele. Quase… rindo. A casa estava silenciosa. Quando abri a boca para perguntar onde estavam todos, ele me informou que meus sogros tinham saído para passear com as crianças e só voltariam para o jantar. Mesmo que tudo tivesse acontecido mais rápido do que imaginávamos, eu estava exausta mentalmente. Subi para o quarto para tomar banho e relaxar um pouco na banheira quente. Quando deixei a toalha cair e me acomodei na água, senti mãos quentes, fortes e firmes massageando meus ombros. — Estou orgulhoso, querida. — a voz dele desceu quente no meu ouvido. — Você se mostrou tão forte hoje… uma verdadeira leoa. Esperei o momento em que eu teria que intervir, mas você foi simplesmente perfeita. E isso… — ele aproximou os lábios da minha orelha — me deixou excitado pra caramba. Um gemido escapou quando ele pressionou exatamente o ponto

Acabou. Realmente acabou. Essa parte da minha vida finalmente ficou para trás. João não teve para onde fugir; ele finalmente foi condenado. Agora, depois de ouvir a sentença, veio a sensação de que eu deveria dizer muitas coisas a ele, mas eu não precisava, porque finalmente ele vai pagar por tudo. Ele foi considerado culpado de todas as acusações. — Meu amor… nós conseguimos. Sorri e, sem perceber, me joguei nos braços do meu marido. — Eu disse, querida. Você está livre. Atrás, João gritava palavras de ódio e jurava vingança contra nós, que, segundo ele, acabamos com sua vida. Mas aquela voz foi completamente silenciada pelo sorriso caloroso do meu marido. Abracei o advogado; eu estava eufórica, feliz e doida para chegar em casa e abraçar meus filhos. Queria compartilhar essa felicidade com eles, mesmo que não dissesse a verdade. Minutos depois, fomos liberados. Dentro do carro, a felicidade era imensa. A última semana foi tão cheia que não tivemos tempo de fazer mais nada al