Ronaldo
Quando João começou a gritar, a cadeira de baixo de mim pareceu ficar pequena demais para conter a raiva que subiu pelas minhas costas. Mas eu tinha prometido. Prometido que não faria nada, que não agiria por impulso, que não transformaria aquele julgamento em um circo. Prometi que deixaria a justiça cuidar dele.
Só que promessa nenhuma é fácil quando o homem que destruiu a vida da mulher que você ama se levanta algemado e ainda ousa apontar o dedo para ela.
O sangue me ferveu.
Mas aí eu olhei para Margarida.
E ela… não se abalou.
Ela não recuou, não desviou o olhar, não chorou.
Ela apenas ficou ali, firme, inteira, sólida.
E foi exatamente isso que terminou de destruir João por dentro.
Quando ele começou a acusá-la, quando chamou atenção de toda a sala, quando tentou fazê-la parecer frágil, manipuladora, eu senti meu maxilar travar tanto que cheguei a ouvir um estalo. Minha mão deslizou para o encosto da cadeira, pronto para levantar caso ele desse um passo na di