Uma a uma, as lobas se ajoelharam. Doze no total. Feridas. Traumatizadas. Mas agora, com propósito.Estendi a mão, sacando minha adaga, rasguei minha palma. Meu sangue pingou nas pedras úmidas.— Jurem lealdade ao sangue que os libertou. E jurem vingança contra aqueles que ainda nos caçam.Entreguei a elas a adaga, e as doze repetiram em uníssono.— Nós juramos, nossa rainha.Cada uma delas cortando suas palmas, e se unindo a minha. A cada pacto, meu sangue fluía com mais poder e eu emanava para elas, as fortalecendo. Meu coração batia rápido, eu meu sentia VIVA.Senti uma onda percorrer seu corpo. Laha rugiu dentro de mim, feroz. A união estava selada. Mandei que elas fossem realocadas nos quartos ao lado da enfermeria pouco usada, Cyrus ordenou que as alimentasse e fornecessem roupas adequadas a elas.François já tinha separado os “donos” que seriam executados no dia seguinte.Rumamos para a enfermaria, Cyrus e eu estávamos calados em uma concordância mutua. Na ala de cura, a loba

A noite caiu silenciosa mais uma vez sobre Northshore, envolta em véus de névoa espessa que serpenteavam pelos corredores da fortaleza como memórias esquecidas. Do alto da sacada oeste, eu podia ver os jardins cobertos de sombras. As rosas rubro-selvagens dormiam sob o orvalho, enquanto as estrelas surgiam em pontos dourados, bordando o céu com promessas antigas. Meus olhos não buscavam o céu, no entanto. A ala norte, silenciosa e protegida, era onde minha atenção se fixava. Uma luz tênue escapava por entre as frestas da janela arqueada. Aquele era o quarto dela. Prya. Desde o dia em que falei com ela, não conseguia me afastar, eu buscava sua presença pelo castelo, pelo campo de treinamento. Algo nela me atraia como um ima. Não houve batalha ou missão que me deixasse tão furioso quanto naquele acampamento inimigo em que a encontrei. O cheiro da dor dela ainda impregnava minhas narinas. O som da respiração fraca. A forma como seu corpo tentou fugir de mim mesmo inconsciente. C

Cyrus As chamas da lareira tremeluziam no salão inferior, refletindo em nuances rubras no mármore negro da mesa de conselhos. Cada sombra projetada nas paredes de pedra parecia sussurrar os segredos milenares daquele castelo. Sentei-me sozinho à cabeceira. O cheiro do incenso de absinto pairava pesado no ar, preparado conforme os rituais da Corte para selar encontros de alto escalão. Mas essa noite... essa noite não era para selar acordos. Era para quebrar correntes. Meus dedos tamborilavam o braço da cadeira com impaciência. Eu podia sentir Aero em silêncio sob minha pele, tenso, pronto para dilacerar. A porta se abriu em estalos cerimoniosos. As figuras surgiram uma a uma, encapuzadas, com seus mantos bordados pelas insígnias das casas mais antigas dos vampiros. Lordes, duques, barões. Sanguessugas centenários que se alimentavam tanto de poder quanto de sangue. Eles se sentaram em silêncio, mas as intenções pairavam no ar como açoites. — Majestade — saudou Lorde Mancheste

Cyrus A lua acesa como uma lâmina de prata entre as nuvens esparsas. Observávamos da encosta rochosa, levemente acima da Colina dos Ecos, o ponto mais alto de Northshore ao sul do castelo. Dali, o mundo abaixo parecia uma tapeçaria escura bordada com o brilho tímido das estrelas e o rugido do vento. Eu estava imóvel, com os braços cruzados sobre o peito e o olhar fixo na figura no centro da clareira, Ravena. Ou melhor, Laha. Aquela lycan que Aero e eu nos dabravamos sem o menor pudor. Ela olhou diretamente para nós assim que surgiu. Pude sentir seu cheiro direcionado a mim, me provocando, nos instigando. Aquela bandida sabia o poder que tinha sobre nós. Tive que pensar em coisas horríveis para acabar com a ereção incomoda que se formou no momento em que ela surgiu. A lycan emergiu com violência e imponência. Seu rugido não foi apenas um som, foi musica divina e sensual para mim. Foi um comando. Um decreto. Nathaniel ao meu lado soltou um assobio baixo, quase imperceptív

CyrusA noite havia sido longa, mas o dia amanheceu com um brilho estranho, um tom dourado nas nuvens que lembrava um sonho cheio de promessas de séculos atrás. De onde estávamos, no topo da trilha norte do bosque, era possível ver parte do que restou de algumas ruinas ao redor da colina. As marcas das patas dos Lycans sulcavam a relva, sulcos profundos de uma nova era. E o rugido de Laha ainda ecoava dentro de mim.Eu estava prestes a descer em direção ao castelo quando vi Callie oculta pela sombra de seu espectro, os olhos vermelhos arregalados, a boca entreaberta de espanto e incredulidade. — O que você está fazendo aqui? — perguntei sem paciência. Callie era muito boa em causar problemas.Ela levou um segundo para responder. O cheiro da transformação ainda impregnava sua pele.— Eu os vi... Cyrus. Vi todos eles. Se transformando. Os lobos marcados... virando Lycans. Eram dezenas. Aquilo... aquilo é...— Um trunfo para nós, uma nova arma para qualquer ameaça, dependendo de quem e