Ravena
A penumbra da tarde já se estendia pelos vitrais do escritório, tingindo as paredes com rubros e dourados. Sentei-me na poltrona diante da escrivaninha de Cyrus, tentando fingir tranquilidade, mas por dentro eu me rangia como a dobradiça de uma porta prestes a romper.
Cyrus andava de um lado para o outro, os passos largos silenciosos sobre o tapete de pelo branco, e as mãos cruzadas atrás das costas. Seus ombros estavam tensos, a mandíbula travada. Mesmo que Aero estivesse em silêncio, a sombra projetada no canto da sala parecia vibrar com a inquietação dele.
— A corte voltou a pressionar — ele disse, finalmente, sua voz soando como lâmina embainhada. — Exigem o Teste da Verdade Arcana.
O silêncio que se seguiu foi mais cortante que a própria notícia.
— Outra vez — murmurei, encarando o símbolo de prata entalhado na lateral da estante, o brasão de Northshore. — Depois de tudo o que fizemos juntos. Depois de proteger essa terra, de libertar lobos, de acasalar com você,