E enquanto todos os casais da máfia encontravam o seu jeito de amar e ser feliz, havia uma mulher tomando um banho demorado, sentada no piso frio do próprio banheiro, encolhida em um canto, se odiando por cada minuto que tinha passado na cama com o homem errado e sem coragem nenhuma de sair e o encarar.A água não era capaz de aquecer seu corpo, nada era.Mas, Killer continuava ali, o corpo imóvel, como se o frio pudesse punir o erro que ela não sabia dar um nomeEra livre, podia estar com quem quisesse, mesmo assim, parecia errado de um jeito quis arrancar a própria pele em cada lugar que Polaco tocou.As lembranças voltavam, os olhos dele fechados, as mãos agarradas na cabeceira da cama enquanto se enfiava nela com aqueles barulhos estranhos.Segurou a vontade de vomitar.As gotas escorriam dos fios de cabelo até o queixo, pingavam como contagem regressiva para algo que ela não queria enfrentar.Lá fora, Polaco esperava, sentado na beirada da cama, ainda acreditando que havia criado

Killer colocou o anel, sempre fazia isso, dia após dia, pensava em entrar naquela sala e estapear aquele idiota usando justamente a mão que carregava o presente de merda que ele não deu para ela.Mas naquela manhã ela saiu de casa.Cada passo a deixava mais apavorada, mas continuou.As luzes do centro de comando refletiram no rosto de Killer assim que a porta automática se abriu com aquele barulho irritante.Aliás estava com tanta raiva que quis quebrar aquele vidro ridículo que nunca a deixava ver de fora. Detestava ter que entrar para saber se ele estava lá.Mas de fora tudo o que ela via era o reflexo deprimente de si mesma.Entrou, terminou de abrir a porta com a mão. Não teve paciência para esperar.E como sempre, Soupnazi estava lá.Os olhos presos na tela, os dedos ágeis no teclado com uma velocidade quase impossível de imaginar que viesse de um humano.Soupnazi sabia, reconhecia até o som dos passos dela, o perfume do óleo de banho que ele tinha decorado até a marca.Não preci

E realmente ele parecia bem mais um soldado do que um pai, não falou sobre terem outro menino, nem questionou o nome que dariam, só olhava para qualquer pessoa que se aproximasse de Dállia como se estivesse prestes a atacar.Lara era a única fora dessa lista, a médica terminou o procedimento e quando Nyll chegou na porta do quarto dizendo que a patroa podia ir para o outro quarto, Tank olhou para a noiva tentando adivinhar qual era o próximo passo.Imaginou que a noiva gostaria de um banho, ela não era tão vaidosa quanto a maioria das mulheres naquela idade, mas amava banhos, disso ele sabia.Pegou Dállia no colo com tanto cuidado que ela sentiu como se estivesse sendo erguida por uma nuvem. Estava dormindo, mas se aconchegou no peito de Tank.E ele sussurrou para ela.— Acorda um pouquinho, minha flor. Vou dar um banho em você e te colocar na cama.Ela sorriu tentando ser provocante, mas nem conseguia abrir os olhos direito.— Uhumm... Adoro quando me leva para cama.— Jardim fechado

Tank chegou à cozinha em minutos, ainda não conhecia todas as regras do comando e achava que a única vantagem real de participar daquele grupo era o dinheiro.De resto a sua vida tinha se tornado uma avalanche de responsabilidades inúteis e obrigações infindáveis com decisões que ele desconhecia.E foi naquela tarde que Tank saiu de casa pela primeira vez desde que o filho nasceu.De frente com os membros mais antigos do Conselho Tank disse com voz firme.— Ela vai participar.Os homens se olharam meio perdidos.Era a primeira vez que alguém questionava aquela tradição. O Maggiore era apresentado antes da festa, no salão fechado, cercado pelos homens da família. Um ritual de aceitação e reconhecimento, um batismo à moda antiga. As mulheres só viam a criança depois, durante a celebração.— Tank. A cerimônia é um ato fechado, feita entre homens. Sempre foi...O pai de Dante interrompeu a fala de Sombra.— Sempre não é mais.— Não podemos fazer dessa forma, vai abrir precedentes.— Que a

Endi sabia que tinha ido contra o pedido de Tank, mas se por um lado isso era desrespeitoso, por outro era o mais certo para Tanner e Dante.Tank cedeu a ordem de Endi, respirou fundo e se sentou apavorado com o que aquilo poderia significar.Pensou em tudo, menos na verdade.Endi o olhou com a calma de um velho lobo que já viu muitos filhotes questionarem as marcas que carregam no corpo.— Theodoro significa Presente de Deus. E embora a família que te criou não enxergasse você dessa forma, uma outra pessoa te enxerga exatamente assim.Tank franziu a testa, confuso.— Quê? Pessoa? Que pessoa? Do que você está falando? Eu estou perguntando do meu filho. Do Dante, aquele bebê que você acabou de dar um nome que não é dele. E pode rir se quiser, eu me cago de medo de você, mas se tentar tirar a minha família eu juro que posso ser mais diabólico do que você.— Tanto Tanner quanto Dante receberam o nome do pai. Até aí é certo, não é?Tank sentiu o sangue explodir dentro dele como um vulcão