Zara riu e disse: — Quem disse que eu quero esse filho? Orson, ouça bem: eu não vou te dar a chance de me prender. Assim que você sair, eu dou um jeito de acabar com essa criança! Orson achava que já tinha um coração frio e endurecido o suficiente. A felicidade que ele sentiu ontem à noite e na manhã de hoje parecia, naquele momento, uma piada cruel. Mas, mesmo assim, ele percebeu que ainda não era frio o suficiente, porque as palavras de Zara ainda o atingiram como uma lâmina, deixando-o chocado e profundamente magoado. Ele ainda se lembrava claramente da primeira vez em que viu Zara chorar. Foi no hospital. Ela estava sozinha, sentada na cama, depois de perder o primeiro filho deles. Orson sempre teve certeza de que ela seria uma mãe incrível. Ele sabia que, no fundo, ela desejava muito ter um filho. Ele se lembrou de uma vez em que foram a um evento em um orfanato. Ele a viu consolando uma criança, com uma doçura tão genuína em seus olhos que ele ficou parado ali, apenas

— Você nem sequer faz isso para proteger sua família. Você só faz... Por interesse. Então, você nunca vai ser melhor que o Emory. Nunca. Na verdade, Zara nunca tinha sentido algo tão profundo por Emory. Ele apenas apareceu no momento certo, exatamente quando ela precisava. Naquele instante, ela confiou nele, se apoiou nele, e, quando ele estendeu a mão, ela simplesmente segurou. Mas Orson, com suas repetidas interferências, acabou intensificando os sentimentos de Zara por Emory. Ou talvez, naquele momento, ela estivesse decidida a gostar de Emory, nem que fosse apenas para se vingar de Orson. Assim que as palavras dela foram ditas, o rosto de Orson ficou ainda mais sombrio. Seus dentes se apertaram com força, os músculos da mandíbula saltando, e a mão que segurava o queixo de Zara se fechou ainda mais, a ponto de seus dedos ficarem pálidos. Mas, de repente, ele riu. — É mesmo? Então, quer apostar que, em dois dias, eu faço o Emory se ajoelhar na minha frente, chorando e implo

As palavras dela vieram acompanhadas de um leve sorriso nos lábios, enquanto seus olhos, fixos em Orson, pareciam olhar através dele, enxergando a sombra de outra pessoa. Orson ficou em silêncio. Depois de alguns segundos, ele apenas assentiu com a cabeça. — Então, no fim, você não está do lado do Percival, mas também… Não está do meu lado. A mulher à sua frente não respondeu, e isso já era o suficiente para Orson entender a resposta. Ele se virou com firmeza. — Nesse caso, fica mais fácil. A verdade era que Orson só tinha ido até ali naquela noite para obter uma resposta. No fundo, ainda havia uma pequena parte dele que queria acreditar em algo, uma fagulha de esperança. Ele sabia que talvez ela mentisse para ele, mas, se Marta dissesse algo que pudesse convencê-lo, como “eu fiz isso por você” ou “é para que você e Zara sejam mais honestos um com o outro”, mesmo que fosse uma desculpa frágil e ridícula, ele teria se esforçado para acreditar. Mas ela nem sequer tentou m

Orson não respondeu às palavras de Zara. Ele apenas se aproximou e afrouxou um pouco a gravata que a prendia. Os dedos de ambos se tocaram por um instante, e estavam tão frios quanto o gelo. Zara, já acostumada com isso, não reagiu. Mas os dedos de Orson se retraíram ligeiramente, como se fosse um reflexo involuntário. No entanto, ele logo voltou ao seu estado habitual e terminou de ajustar a gravata sem dizer nada. — Você não disse que ia me levar para fazer o pré-natal? Quando vamos? Orson a olhou devagar. Zara sustentou o olhar, os olhos dela estavam calmos e sinceros, completamente diferentes da raiva e do rancor que ela exibira no dia anterior. De repente, Orson sorriu e respondeu: — Outro dia. Estou muito ocupado esses dias. — Eu posso ir sozinha... — Disse Zara. — Não, não pode. — Orson a interrompeu imediatamente. Ele se inclinou em sua direção, com os olhos afiados fixos nela. — Zarita, você sabe que, neste momento, eu não posso te deixar livre. — E quanto te

Após desligar o telefone, Orson tamborilou os dedos na mesa antes de fazer outra ligação. — Sou eu, Orson. Aquele seu irmão idiota voltou à ativa recentemente? ... Zara passou os últimos dias confinada na cama. Ela seguia uma rotina monótona de dormir e comer, tanto que já tinha perdido completamente a noção do tempo. Não sabia há quanto tempo estava presa naquele quarto. Orson, por sua vez, saía cedo e voltava tarde. Às vezes, Zara passava o dia inteiro sem vê-lo. Talvez fosse porque ele sabia que ela não queria vê-lo, então simplesmente evitava aparecer diante dela. Zara chegou a pensar que ele havia esquecido o assunto do pré-natal. Mas, certo dia, ao acordar, percebeu que Orson estava ao lado da cama, desatando a gravata que a prendia. — Acordou? Ótimo. Hoje tenho tempo, vou te levar para fazer o pré-natal. — Ele disse com um sorriso no rosto. Zara ficou um pouco confusa, mas Orson não deu mais explicações. Ele apenas terminou de soltar a gravata e, em seguida, a pe