Não estava nos meus planos passar as férias em Fortaleza. A ideia era ir para o Pará, como sempre, para que as crianças ficassem com a mãe da Marília. Fiz essa promessa a ela, lá atrás, e nunca deixei de cumprir. Mas, dessa vez, tudo mudou de repente. Meu irmão sofreu um atropelamento, e foi impossível negar o pedido das crianças. Elas estavam ansiosas, querendo vir vê-lo, e a verdade é que eu também não conseguiria ficar longe sabendo que ele precisava de mim. Então, mesmo com a mala já quase pronta para outra direção, troquei a rota. Marília… faz cinco anos que ela partiu, e ainda dói falar o nome dela. Lembro do sorriso sereno quando decidiu manter a gravidez da Marcelina, mesmo sabendo que o câncer avançava. "Ela precisa nascer, Pablo. Depois a gente vê o resto", disse, com aquela calma que eu nunca consegui entender. Eu vi o "resto" de perto. Vi a vida dela se apagando na mesma madrugada em que segurei nossa filha pela primeira vez nos braços. Foi a noite mais feliz e mais dolor
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