A tarde tinha sido uma das melhores dos últimos tempos. Depois de tanto ficar trancada em casa, sem poder sair além do jardim, eu finalmente sentia que estava respirando liberdade. Fomos às compras, rimos bastante, passamos na lanchonete do shopping e até no cinema. Não era nada grandioso, mas, para mim, era como visitar um pedaço do paraíso depois de semanas em cativeiro. Na hora de escolher o filme, até rolou votação: quatro queriam ação ou comédia, e três, romance. No fim, nós meninas vencemos sem muito esforço — eles até poderiam ganhar, mas quem ousaria contrariar as namoradas? O cinema estava quase vazio, o que foi perfeito. Ana ficou entre mim e Valentina, Theo ao meu lado, e Tony se acomodou entre Artur e Henry. Mal as luzes se apagaram, os rapazes começaram a travar uma guerra de pipoca, e nós, coitadas, ficamos no meio da batalha. Saímos do cinema com cabelo e roupas salpicados de milho estourado, mas rindo tanto que até a barriga doía. Ao nos despedirmos, Ana abraçou Henry

É hoje. O grande dia. O dia em que minha lobinha vai finalmente descobrir que eu sou o seu companheiro; que ela é o presente que a Deusa Luna me deu para amar e cuidar até o último dia da minha vida. Só de pensar nisso, um frio percorre minha espinha, misto de nervosismo e felicidade. Todo este mês que passou pareceu uma preparação silenciosa para este instante. Desde que Helena começou a morar na casa da alcateia, tudo mudou. Theo está mais alegre, mais comprometido com os deveres de Alfa, e eu… eu me senti renascer. O que melhorou para mim foi poder ver Ana com muito mais frequência. Ela vem quase todos os dias visitar a amiga, e eu, que não sou bobo, aproveitei para me aproximar. Aos poucos, sem que ninguém percebesse, fomos construindo uma rotina: cumprimentos, conversas rápidas, olhares roubados. Tornamo-nos, por assim dizer, “amigos”. Mas no fundo, eu sempre soube que havia algo maior crescendo entre nós. Lembro com clareza do primeiro dia em que ela esteve na casa. Eu estava en

Eu não sei o que está acontecendo que deixa Helena tão agitada. Mal começamos a namorar e ela já vem com essa história de que precisamos pensar no futuro. O que ela imagina? A única coisa em que quero pensar é em tê-la aqui, ao meu lado, construindo uma família comigo. Quero acordar todos os dias com ela junto a mim, quero que ela seja minha primeira e minha última mulher. Já tem semanas que ela anda inquieta; percebo cada olhar, cada movimento. Ontem, quando ela me perguntou se eu tinha visto algum homem estranho na festa e eu disse que não, ela apenas comentou que talvez fosse coisa da cabeça dela. Mesmo assim, conectei-me com o líder dos soldados e pedi que revistassem todo o lugar atrás de alguém desconhecido — e não encontraram nada. Mas eu sei que isso não é imaginação dela. Ao mesmo tempo, não posso deixá-la assim, à beira de um colapso, principalmente a poucos dias da nossa coroação. Quero que, quando chegar o grande dia, ela esteja relaxada e que guarde essa data como o melho

Theo me trouxe para um lugar lindo demais. O verde que nos cerca é intenso, profundo, quase mágico, e o som constante da água do rio misturado ao da cachoeira parece compor uma música própria, calma e poderosa ao mesmo tempo. O cheiro de terra molhada e folhas frescas me envolve, e sinto o vento suave tocar minha pele, trazendo aquela sensação de liberdade que raramente encontro. A paisagem toda se parece com um quadro pintado à mão, e o piquenique preparado por ele — toalha estendida, cesta com frutas e sucos — é a moldura perfeita para esse momento. Estávamos sentados sobre a toalha macia que Theo trouxe. Eu, inquieta, falei que queria ir para o rio. Ele ergueu uma sobrancelha, aquele gesto que sempre faz quando está prestes a brincar comigo, e perguntou se eu tinha trazido a roupa de banho. Eu sorri e respondi que já estava com ela por baixo das roupas. Levantei-me devagar, sentindo meu coração acelerar, e comecei a tirar a blusa. Senti o olhar dele pesando sobre mim, curioso e int

Ontem vai ficar marcado como um dos meus dias preferidos; na verdade, ele já é o meu favorito. Depois de tanto banho de rio e de tanto namorar, quando demos por conta, já estava anoitecendo. Perguntei a Theo onde iríamos dormir, pois, por um tempo, achei mesmo que passaríamos a noite no carro. Mas, para deixar tudo mais perfeito, ele tirou do porta-mala uma barraca. Montamos juntos, rindo e trocando olhares cúmplices, e voltamos ao rio para curtir mais um pouco. Quando a noite caiu de vez, tirei da mochila os produtos de higiene que tinha trazido e, depois do nosso “banho”, fomos para a barraca. Com o estômago cheio e o corpo relaxado, nos deitamos e, depois de nos amarmos novamente, adormecemos abraçados. Quando acordei, já era quase oito e meia da manhã. Acho que Theo nunca tinha dormido tanto na vida. Levantamos, fizemos nossas higienes matinais e agora estamos no carro dele, voltando para casa. Paramos em uma lanchonete no caminho para tomar café da manhã. Faltam só uns vinte minu