CAPÍTULO I

MADRI-ESPANHA

LUNA...

DOIS ANOS ANTES

Era um dia comum para mim, eu dirigia pelas ruas de Madri, estava indo ao encontro do meu namorado, Arthur. Combinamos de nos encontrarmos em um café que íamos sempre.

Foi então que meu celular começou a tocar, na tela o nome do meu pai aparecia.

—Alô Papai, estou dirigindo—digo o alertando.

—Eu sei filha, mas é algo realmente importante, olhe pelo retrovisor—ele diz.

Olho assustada e vejo dois carros pretos me seguindo.

—Papai não estou entendendo—digo confusa.

—Filha, estou em um desses carros, um deles vai passar o seu carro e você deve segui-lo, o outro estará te seguindo. Luna me ouça não é uma brincadeira, assim que eu desligar jogue seu celular pela janela.

—Papai, eu não posso fazer isso, estou indo encontrar o Arthur—digo realmente preocupada.

—Luna estou falando sério, faça o que mandei, minha vida está em risco—ele desliga.

Ao ouvir que a vida do meu pai estava em risco, não pensei duas vezes e joguei meu celular pela janela. Naquele momento perdi minha liberdade.

Segui o carro preto até um galpão afastado do centro de Madri, assim que parei o carro, um homem vestido de preto abriu a porta do meu carro e disse para acompanhá-lo, vi meu pai sendo segurado por dois homens que o levaram para dentro.

—Papai! —grito apavorada.

—Quieta, gritar não adiantará nada—o homem que agora segura meu braço me levando para dentro diz.

Ao entrar avisto meu pai, e mais alguns homens, o que segurava meu braço me solta, e corro em direção ao meu pai que começa a dizer:

—Luna espero que um dia você possa me perdoar por isso, mas é a única forma.

Quando eu ia começar a falar, ouço uma voz dizer:

—E então Juarez, trouxe meu dinheiro? —o homem das sombras diz.

—Álvaro é muito dinheiro, eu não tenho como te pagar—meu pai diz.

—Você comprou muitas armas e agora apenas diz que não tem como pagar?—o homem diz.

Então o homem sai das sombras e revela seu rosto frio.

—Papai, que história é essa de armas? O Sr é um contador, porque ia querer armas? —digo confusa.

—Contador? Essa é a história que ele conta em casa? —o homem diz—Seu pai é contrabandista de armas menina—ele sorri.

—Contrabandista? O que ele está dizendo Papai? —digo chorando.

—É verdade Luna—meu pai diz.

Então vejo o tal Álvaro se aproximar dizendo.

—Aceitarei a sua oferta de pagamento, ela irá comigo—ele diz me segurando pelo braço.

—Que pagamento? O que é isso? Papai espere, papai me ajuda! Pai por favor, não me deixe aqui, Pai! —grito desesperadamente enquanto vejo meu pai saindo do galpão sem nem olhar para trás.

—Cale-se! —ele desfere um tapa em meu rosto—Agora você é minha!

—Me solte seu monstro, eu tenho namorado—digo aterrorizada.

—Namorado? —ele gargalha e aquele som ecoa por todo o lugar—Esqueça tudo que  viveu antes, a partir de agora você será minha esposa.

Ele me joga dentro de um carro que só agora percebi estar parado lá, ele se senta ao meu lado e dá a ordem ao motorista.

—Para a mansão!

O casamento ocorreu em poucos dias, sem festa ou convidados, apenas papéis assinados e lágrimas dia após dia.

A primeira vez que me tomou foi com certeza a pior delas, pois foi a que mais lutei, ele me bateu muito e violou meu corpo de todas as formas, seus gemidos de prazer se misturavam com meus gritos de dor.

Fiquei dois dias sem poder andar direito, o rosto marcado e a alma destruída.

Essa cena de terror se repetiu por mais algumas vezes, até que aprendi que lutar era pior, então eu só me mantinha imóvel, fria, esperando tudo acabar.

Hoje pela primeira vez depois desses anos, olhei para um homem sem ter medo. Quem era Alejandro? Ele seria como Álvaro, um monstro?

Para aceitar trabalhar com alguém como ele só poderia ser igual, eu definitivamente não poderia confiar nele.

Mas por que meu coração e todos meus sentidos gritavam ao contrário?

Talvez fosse por aqueles lindos olhos castanhos, aquele corpo de porte atlético, alto, viril ou então aqueles lábios provocantes, um verdadeiro convite à luxúria.

Estava perdida nesses pensamentos quando o ouvi dizer:

—Sra. Ortiz não deveria estar aqui fora a essa hora—ele diz.

—Nem você Sr. Guarda-costas—digo.

Ele sorri de lado sem jeito e vejo o quão ainda mais provocadores são aqueles lábios quando ele sorri então ele senta-se ao meu lado.

—Eu estarei sempre onde você estiver sou pago para isso, mas não quero que me veja como um guarda-costas Luna, quero que me veja como um amigo—ele sorri novamente.

—Você trabalha para o meu marido, não pode ser meu amigo—suspiro.

—Tecnicamente você é minha chefe, estou aqui para protegê-la de qualquer um que queira lhe fazer mal.

—Até mesmo do meu marido? Você me protegeria dele, Alejandro? —digo triste.

Ele me olha e questiona:

—O que acontece aqui Luna?

—Não se preocupe, eu falei demais, são brigas normais de casal—digo me levantando.

Ele segura em meu braço, onde mais cedo Álvaro havia apertado fortemente, então sinto um incomodo.

—Ai—digo puxando a manga do suéter marrom que eu usava, para baixo.

—Luna, o que é isso? —ele diz pegando em meu braço e levantando a manga do suéter.

—Não é nada, não se preocupa, eu apenas caí no banheiro—digo.

Ele me olha respira fundo e diz:

—Luna há algumas coisas sobre mim que ainda não sabe e uma sobre você, eu farejo uma mentira de longe, pois sou um ex-policial, já prendi muitos tipos iguais o seu marido e além do mais você mente muito mal e... —ele diz massageando a área machucada—as marcas aqui são compatíveis com dedos. Por que isso aconteceu? —ele questiona.

Ele então olha ao redor e então diz:

—Melhor conversarmos depois há muita gente nos olhando.

—Está bem Alejandro.

Eu me viro e começo a caminhar, ele então diz quase em um sussurro:

—Confiem em mim.

Eu o olho e aceno com a cabeça, eu poderia estar maluca, mas eu de fato estava começando a confiar nele.

Entro na sala e encontro Felipe um dos outros seguranças.

—Boa noite Sra. Ortiz, hoje é dia de folga dos empregados internos e de alguns seguranças.

—Sim eu sei Felipe, a Ana me disse mais cedo—digo.

—Se a Sra. quiser posso ficar com a minha equipe—o homem alto e moreno na casa dos quarenta anos diz.

—Não é necessário podem descansar , sei que quando Álvaro está aqui vocês não descansam, só me diga quem ficará na mansão.

—Apenas quatro seguranças e o seu guarda-costas o único que poderá entrar na casa não se preocupe, o restante ficará na ronda e portaria.

Eu queria poder dizer a ele que esse fato que era preocupante, o meu guarda costas poder entrar na casa.

—Sem problemas Felipe, boa folga—digo indo em direção às escadas que levam ao meu quarto.

Preciso de um banho, coloco a banheira para encher e vou até a sacada, vejo quando Felipe e sua equipe saem da propriedade, enfim um pouco de paz.

Tiro minha roupa e coloco um robe de seda, coloco uma música no aparelho de som enquanto aguardo a banheira encher.

Então um barulho me assusta na varanda e grito.

Em segundos a porta do meu quarto é aberta e Alejandro já está dentro do cômodo sacando sua arma.

Eu aponto para a varanda e ele vai até lá sorrateiramente, então o vejo colocar a arma no coldre novamente e se abaixar ele então volta segurando um lindo gatinho preto.

—Foi esse bebe que te assustou? —ele diz.

—Ah que lindo—me aproximo—desculpa não sabia que era um gatinho.

—É um filhote ainda, quer ficar com ele? —ele diz—amanhã podemos providenciar o que ele precisa—ele afirma.

—Sim eu quero—digo entusiasmada.

Só então me dou conta de que estou de robe, então o fecho ainda mais, com vergonha do meu corpo.

Alejandro sorri, colocando o filhote sobre a cama.

—Não deveria sentir vergonha, você é linda—ele diz.

—Ah não tente ser simpático, eu sei que sou fora dos padrões—digo.

Ele se aproxima um pouco mais e diz:

—Não dos meus—então ele caminha até a porta, olha para mim e diz—descanse, Sra. Ortiz estarei fazendo a segurança.

Então ele sai do quarto me deixando completamente assustada e em chamas.

O que esse guarda-costas está fazendo comigo?

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo