Capítulo 04

⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠄⠂24 de Outubro de 2015⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂

Ajeitei as tiras do macacão me olhando na frente do espelho e pude ver Amy me olhando da cama. Puxei um pouco a parte debaixo para cobrir melhor minhas pernas e me virei de frente para ela.

Que?

Essa arrumação toda para ver seu “só amigo?” – Ela ergueu ambas as sobrancelhas e me olhou de forma julgativa.

Não. – Respondi com tom óbvio. – Essa arrumação toda porque vou sair e não sou obrigada a ir feia.

Queria ver se você troca de roupa três vezes quando vai sair comigo.

A imitei revirando os olhos e passei um pouco de perfume. Assim que espalhei por meu pescoço, pude ouvir meu celular vibrar e o peguei sorrindo.

Bora, capivara nova, O Jake chegou. – Ela resmungou se levantando e caminhou até a porta. – Quero detalhes de tudo assim que chegar em casa.

Claro. – Me dirigi até as escadas com ela e desci avisando a meu pai que estávamos de saída.

Assim que saímos de casa, vi Jake parado na porta.

Oi Liz. – Ele disse sorrindo e pude perceber Amy colocando a mão na cintura.

Olá? Eu também estou aqui. Sua guarda costas que não tá pelo jeito.

Amy….. – Falei um pouco sem jeito, mas Jake não parecia se importar.

Já estou indo. – Amy respondeu olhando Jake dos pés a cabeça. - Não gosto dele…

Ela resmungou e me abraçou dizendo que eu poderia ligá-la se algo acontecesse. Em seguida caminhou pela calçada na direção á sua casa.

Então sua amiga não gosta de mim? – Ele sorriu estendendo a mão para mim.

Ela só fala da boca pra fora, é muito falante. – Respondi e olhei para minhas mãos vendo de tinha algo que ele pudesse querer pegar.

O que tá fazendo? – Ele perguntou rindo enquanto pegava minha mão.

Uh? – Engoli em seco o olhando confusa.

Ele ergueu um pouco seu braço sem soltar minha mão e me fez dar um giro.

Está bonita. Gosto quando usa preto. – Olhei em seus olhos enquanto ele falava e logo ele soltou minha mão. – Vamos?

Mexi os lábios sem emitir som. As palavras pareceram sumir por um tempo. Não sabia se deveria falar uma piada, porque corria o risco dele não entender, mas só agradecer poderia soar eu sendo seca. E só o tempo que levei para pensar isso já fez surgir um silêncio desconfortável aqui.

Em qual sorveteria vamos? – Perguntei começando a andar na direção oposta a da Amy acompanhando ele.

Ainda tem aquela sorveteria aqui perto que minha mãe levava a gente?

Não, Jake, Fechou faz tempo. Como não sabe disso?

É que eu faço faculdade em outra cidade, sabe? – Sim, eu sabia disso. – Então quando venho para cá em alguns fins de semana, nem sempre venho no bairro.

Nesse caso, cabe a mim achar uma boa sorveteria para irmos.

Legal ver que agora você sai sem precisar de um responsável por você. Ainda precisa ir para a cama as 08?

Ri anasalado percebendo o que ele queria.

Ah, não. Agora eu vou para a cama as 07, meu pai me prende em cativeiro, então não tenho muito o que fazer. É bom que gastamos menos energia.

Meu pai tentou fazer isso comigo uma vez, mas eu estava em fase de crescimento então não era seguro me manter daquela forma ou eu poderia destruir a casa em uma das minhas crises de adolescente.

Sei nem o que é isso. - Rio colocando as mãos nos bolsos do meu macacão.

É porque você ainda é criança, um dia, quando tiver maturidade vai entender o que estou dizendo.

Jake? – O empurrei com meu ombro sem parar de sorrir. – Você só é dois anos mais velho que eu.

E isso não é muito? – Ele fingiu pensar. – Quando eu estava aprendendo a caçar você ainda tomava mamadeira e chupava chupeta. Um égua vea de 8 anos fazendo isso.

Eu fui uma criança tardia, pelo amor de Deus, esquece isso! – Falei rindo. – Por que você lembra das coisas mais constrangedoras possíveis?

Ele riu dando de ombros.

Acho que foram traumáticas

Ah, claro. Grande trauma. Eu quem sou cheia de traumas por sua causa.

Minha causa? – Ele me olhou sorrindo de canto e eu concordei.

Eu era a mais nova, qualquer brincadeira “Liz, você é café com leite”, todo mundo sabe que ser café com leite não tem graça porque te ignoram.

Lembra da vez que fomos brincar de esconde-esconde no bairro e você cismou que não queria mais ser café com leite?

Uhuum. – Abaixo a cabeça com a lembrança um tanto idiota. – Passei uns 30 minutos procurando você e não achei ninguém.

O problema não foi esse. Eu no seu lugar só entraria em casa e dane-se as crianças, ia procurar ninguém não. O problema foi você começar a chorar desesperada e querer sair no soco com todo mundo. – Ele riu olhando para o outro lado e eu me senti ainda mais envergonhada.

Eu melhorei, tá legal? Tenho mais auto controle e… - Junto as mãos em posição de oração soltando o ar devagar. – Você ainda faz xixi na cama? Te chamaria para uma festa do pijama na minha casa, mas vai que você faz xixi em tudo.

Aaaah, então quer me levar para dormir com você?

Claro que não... Eu lá quero menino mijão dormindo comigo.

Eu venci essa fase. – Ele disse serio abrindo um sorriso em seguida.

Olha. – Apontei para a confeitaria do outro lado da rua. – Vende doces e salgados lá. É legal.

Nunca tinha visto esse lugar.

Hoje é minha vez de ser sua guia. – Olhei para os lado antes de atravessar indo até a doceria.

Sentei em uma das mesas de madeira na frente do local que era inteiro pintado com tons de rosa. Peguei o cardápio plastificado que ficava sobre a mesa para duas pessoas e comecei a olhar.

Jake puxou a cadeira mais para o meu lado e passo o braço por cima do encosto da minha. Se aproximou um pouco mais para poder olhar o cardápio comigo.

Sempre que venho aqui peço donnuts. – Me aproximei um pouco mais dele mostrando. – Tem vários sabores, gosto desse de oreo.

Vamos pedir vários sabores desses mini donnuts? – Ele apontou no cardápio. – O cheiro que esta vindo lá de dentro faz parecer muito bom.

Coloquei o cardápio sobre a mesa e o olhei concordando.

Oi Liz. – A dona do estabelecimento disse parando ao meu lado. – O que vai querer ho… Jake?

A olhei e percebi ela sorrindo largo ao ver ele. Ela abaixou a caderneta e sorriu ainda mais.

- Oi, meu amor. – Ele respondeu e senti seu sotaque carregando um pouco no R. – Quanto tempo. A doceria é sua?

É sim. – O tom dela era animado assim como sua gesticulação. – Abri tem algum tempo, tá dando muito certo. E você? Anda fazendo o que?

Enfermagem, pra não competir com meu irmão na medicina. – Ele respondeu sorrindo e eu comecei a me sentir esquecida no meio dos dois. Eu não era amiga da dona ao ponto de termos assunto, mas mesmo que tivesse, que diferença faria? – A gente vai querer dez mini donnuts de sabores sortidos, tem como?

Claro que sim, Liz é uma das minhas clientes fieis. Eu não demoro. – Ela voltou para dentro olhando sobre o ombro algumas vezes para Jake.

Sua amiga…?

Estudamos juntos um tempo.

Aah… - Juntei minhas mãos sobre o colo e olhei para frente sem entender por que de repente me deu um desanimo de estar aqui.

Você tá perto de concluir a escola, não está? – Ele mexia com uma das mãos no porta guardanapos sobre a mesa.

Estou sim. – Sorri fraco prestando atenção no que ele fazia. – Acho que depois farei algo na área de literatura, não sei ao certo ainda.

Você escrevia poemas, era bem legal… Eu não conseguiria fazer algo daquele jeito.

Senti minha saliva descer com dificuldade por minha garganta e olhei sem rosto o percebendo sem muita expressão.

Ah… Nem era nada demais.

Não é todo mundo que é bom com palavras, e tem pessoas que são boas com elas, mas não sabem transformar em poemas como você.

Para. – Bati minha perna a dele, poemas não era meu assunto favorito. – Não sei o que responder a elogios.

Só agradece, mal educada.

O olhei de cara fechada e ele fez o mesmo para mim.

Valeu aí, comédia.

Que isso, patroa. Precisando.

– Faz tempo que não escrevo...

Ele se mexeu na cadeira e percebei um carro estacionando a nossa frente. Dele desceu uma dessas loiras odonto blogueira, que vão para a academia todos os dias da semana e tem tudo impecável, desde a pele, cabelo, unha e corpo.

Ela retirou os óculos escuros os colocando no topo de sua cabeça e caminhou até nós.

Demorei, lindo? – Ela perguntou parando na frente da nossa mesa e eu franzi o cenho confusa.

Nada. Acabamos de pedir, não pedi o seu porque não sabia o que gostaria. – Jake respondeu de forma calma.

Hum.. – Ela disse e lançou o olhar no braço dele sobre minha cadeira antes de voltar o olhar nós dois. – Nova amiga, não a conheço.

Ela afirmou fazendo Jake rir anasalado.

– Liz, essa é minha namorada, Emily, espero que não se incomode por eu trazer ela junto.

Ao ouvir aquelas palavras meu coração gelou por um momento, senti que estava prendendo minha respiração com todas as forças para não aparentar meu desconforto, mas ele deve ter ficado nítido em meu olhar, porque a garota deu uma risadinha baixa passando a mão por seus belos e tratados cabelos loiros tingidos.

Pede lá uma água com gás pra mim, gato, e vê se tem algum sanduíche natural. – Ela puxou uma cadeira da outra mesa e colocou de frente para nós dois se sentando com os braços sobre a mesa. Jake se apoiou sobre a mesa a dando um selinho calmo que me fez inclinar o rosto observando.

Se não tiver, pedimos de outro lugar, linda. – Ele fez um carinho no rosto dela. – Essa tua cara feia é fome

Ela riu batendo em seu braço algumas vezes.

Eu sou linda demais para ouvir isso. – Ele sorriu concordando e a deu mais um selinho antes de entrar na confeitaria.

Abaixei minha cabeça por um momento e mexi em meus dedos.

Me chamo Liz, sou vizinha do Jake.

Oi Liz, eu sou Emily, como pode ter percebido. – Ela juntou as mãos sobre a mesa me olhando mais próxima. – Lugar legal aqui, né?

Ah, é sim… Gosto de vim aqui.

Você disse que é vizinha do Jake, certo?

Isso, moro na frente da casa dele.

Legal, nunca ouvi falar de você, é nova?

Não, a gente se conhece desde sempre. – Sorri fraco e voltei a mexer nas minhas mãos super desconfortável com aquilo.

Mesmo? - Percebi Jake pondo a bandeja de donnuts em minha frente e puxando a cadeira ao meu lado para perto de Emily a entregando a água. - Lindo, por que nunca me falou da sua vizinha?

Hum? – Ele abriu a água passando para ela e me olhou rápido. – Ela é vizinha dos meus pais na verdade.

E você é horrível de informações. – Ela bebeu um gole da água o olhando de canto. – Procurei a tal sorveteria por uns cinco minutos.

Eu esqueci de avisar que não tem mais sorveteria. Na verdade, só fiquei sabendo que não tinha por causa da Liz.

Jake entrelaçou sua mão a de Emily sobre a mesa e a fez um carinho com seu polegar. Eu não sabia porque me senti desconfortável com isso, não sei se seria por estar segurando vela ou pela Amy estar certa sobre eu ainda gostar do Hunter. Para qualquer hipótese, o melhor é não pensar sobre. Respirei fundo pegando um guardanapo e comecei a comer em silêncio.

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