Quinta sessão

Desculpe o atraso.

Vou retomar do ponto em que parei. Bem, fui atrás do tal endereço, mas, chegando lá, não havia mais a loja de antiguidades. A minha esperança era tão grande de encontrar o que eu procurava, que fiquei na frente do lugar, desconcertada, sem reação. Custava a acreditar que ali não existia nenhuma loja do tipo.  Eu estava frente a frente a um lugar chamado “Bafão”, um tipo de estabelecimento com mesas de sinuca e bar.  Fiquei decepcionada e custei a retomar o rumo da realidade, tão embarcada que eu estava na fantasia!

Foi então que, do fundo desse lugar, surgiu – primeiro em silhueta, depois, em forma de malandro – um homem vestido de branco, chapéu de lado, cigarro displicentemente caído no canto da boca, camisa meio desabotoada que revelava um peito moreno, cabeludo...

(Silêncio).

           Ele não parecia real.  Sério.  Às vezes isso acontece comigo.  Penso tão intensamente numa situação ou numa pessoa, que chego a visualizar a cena.

           Não, não havia pensado em malandro. Nem em peles morenas, porra!

Não estou com raiva. Tá, estou fora do controle!

Ele tinha uma voz aveludada.  Falava como se colhesse as palavras. Seu sorriso era largo, bonito, exuberante.  Fiquei realmente envolvida com aquela abordagem como se estivesse contemplando, ao vivo, a evolução de um personagem.

Bem, ele perguntou se eu estava procurando alguém e eu expliquei o lance da loja de antiguidades.  Ele conhecera o tal lugar e me convidou pra ouvir a história.

           Não, não foi ali.  Ou melhor, foi.  Nós subimos para o sobrado, onde tinha uma espécie de salão de dança e um barzinho. Nós sentamos e conversamos.

           O que eu senti?

Eu acho que cheguei a perceber que entrava num mundo de Oz ao contrário.  A escada que subimos era como abrir uma cortina para algo fantástico, proibido, interdito. Eu saia do óbvio, da realidade convencional, e ingressava num mundo paralelo. Mas, mesmo assim, eu fui.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo