Capítulo 3

(Ponto de Vista de Olivia)

Enquanto eu permanecia trancada na cela, meus pensamentos voaram imediatamente para minha avó. O que aconteceria com ela agora que eu estava presa? Meu peito se apertou ao pensar nela e em sua saúde frágil. Saber da minha prisão poderia ser um golpe fatal para ela.

Nick se virou para o policial.

— Ela está proibida de receber visitas e não tem permissão para sair. Deixe-a definhar nesta cela. Se morrer aqui, pouco me importa!

Meu coração se despedaçou em mil pedaços. Senti um calor intenso e me esforçava para respirar. Como minha avó saberia que eu estava bem se eu não pudesse receber visitas? Isso a mataria! Minha garganta parecia estar se fechando, ameaçando acabar com meu ar a qualquer momento. Eu queria desistir, mas então vi o brilho de satisfação nos olhos de Sandra e uma determinação queimou dentro de mim. Eu não deixaria aquela bruxa vencer.

Naquele momento, eu estava ensopada de suor, com os olhos arregalados. Eu tinha certeza de que parecia pálida como uma folha de papel.

O policial gentil parecia aterrorizado.

— Senhor, ela não consegue respirar. Devo chamar um médico?

Talvez eu devesse contar a Nick que estava esperando um filho dele?

— Nick, na verdade…

— Por que você chamaria um médico? — Nick perguntou, cortante, para o policial. — Ela está fingindo para me manipular - sempre soube jogar esse jogo como ninguém.

As lágrimas continuaram a descer pelo meu rosto. Esse era o homem que antes não suportava me ver sofrer, e agora era ele quem estava me causando a maior dor.

O que Sandra tinha feito com meu marido para mudá-lo tanto? Eu queria saber o que ela usou e como fez isso, considerando que ela tinha Nick na palma da mão em apenas seis meses.

Eu nunca deveria ter insistido para que ela ficasse conosco quando voltou do exterior. Em vez disso, deveria tê-la ajudado a encontrar um lugar para alugar. Se soubesse quais eram suas verdadeiras intenções, teria mantido distância. Mas, na época, achei que estava ajudando minha melhor amiga - até convenci Nick a lhe oferecer um emprego na empresa dele.

Ele finalmente cedeu e a colocou no departamento financeiro. Foi ali que ela armou tudo para que parecesse que eu havia roubado do meu próprio marido - e o pior de tudo, ele acreditou nela.

— Sandra? — Eu disse, querendo implorar mais uma vez para ela dizer a verdade.

Nick se virou para mim, protegendo ela com seu corpo, cravando ainda mais a dor no meu coração. Ele já estava tão protetor com ela…

— Não te disse para calar a boca? — Ele inclinou a cabeça para o lado, desafiando-me a dizer mais uma palavra. Eu engoli as palavras que estavam tentando sair. — Você já causou sofrimento demais a essa mulher. Não tem o direito de sequer dirigir a palavra a ela agora. E eu juro por Deus, Olivia, que você vai pagar por isso.

Eu queria falar, implorar para que ele me ouvisse. Queria pedir que não contasse nada à minha avó, que mentisse, dizendo que eu estava viajando ou algo assim. Ele sabia o quanto a saúde dela era frágil, e essa notícia poderia matá-la.

De repente, a música no rádio da estação de guardas parou, e a voz de um repórter entrou no ar. Depois de uma breve introdução, eu ouvi palavras que me fizeram sentir como se o mundo estivesse realmente girando fora de controle.

— A esposa do proprietário do Grupo Jones foi presa na noite de hoje. A senhora da família Jones, que também ocupava o cargo de Gerente Financeira da empresa, é acusada de desviar milhões. Fontes indicam que o próprio Sr. Jones acionou a polícia, resultando em sua prisão. Continuaremos acompanhando o caso e traremos mais informações à medida que a investigação avança.

— Não! Nick, por favor, não! Minha avó vai ouvir isso! Eu não quero que ela fique doente de novo. Você sabe o quão frágil ela é. Por favor, Nick, por favor, vá até ela. Invente algo - diga que é tudo mentira. Diga que estou bem.

Meu coração estava se partindo. Minha avó era tudo o que eu tinha agora que o havia perdido. Eu não podia deixá-la morrer - ainda precisava dela.

— Você adora abrir essa boca, não é? — Nick disse, com um sorriso sarcástico. — Diga mais uma palavra, e eu pessoalmente farei com que sua querida avó aprenda na pele o que é ter uma neta ladra. Vou mostrar a vocês duas um lado meu que nunca viram antes.

Eu abri e fechei a boca, com medo demais para falar. Em vez disso, optei por deixar meus olhos suplicarem, mas Nick simplesmente se virou e foi embora.

Eu o observei até ele virar a esquina e então comecei a soluçar, formando um nó na garganta dificultando minha respiração. O homem que tinha tudo para mim, que não passava uma hora sem se preocupar comigo, naquele momento era meu tormento. Sentia como se estivesse morrendo - talvez eu estivesse, só não sabia ainda.

O policial percebeu e correu até mim com um copo de água. Não conseguia entender por que ele estava me ajudando, mas fiquei grata. Eu precisava daquilo.

— Não sei o que você fez para cruzar com um homem como ele. — Ele disse, me entregando a garrafa. — Mas parece que você cometeu um grande erro.

Com as mãos trêmulas, aceitei a oferta e engoli a água. Minhas mãos tremiam tanto que a água escorreu pelo meu queixo, molhando meu peito. Dei um sorriso triste para o policial.

— O que eu fiz foi ajudar minha melhor amiga. — Disse. — E ela me virou contra ele. Se eu soubesse que ela faria isso, nunca teria a ajudado.

Ri amargamente. Já não era mais a esposa protegida e amada da família Jones. Agora, era o motivo de risos em Vila Nova, a esposa que foi mandada para a prisão pelo próprio marido, acusada de roubar milhões. Eu era, de fato, patética.

Minha risada se transformou em soluços novamente.

— Ah, senhora. — Disse o policial. — As pessoas podem ser cruéis. Sinto muito que esteja aprendendo isso da maneira mais difícil.

Alguém bateu palmas, e o policial se virou para olhar. Sandra estava ali, sorrindo de forma debochada.

— Você é boa, Olivia. — Ela disse. — Vou te dar isso. Agora você conseguiu convencer esse idiota de que é a vítima. O que você prometeu a ele? Uma trepada no feno? Porque, como sabemos bem, você já perdeu tudo. Seu corpo é tudo o que lhe resta.

Ouvir a voz dela me fez querer esticar os braços e estrangulá-la.

— Eu não sou como você — Cuspi.

O policial se afastou, nos deixando a privacidade que eu não queria.

— Então, você ainda acha que é melhor que eu? Mesmo depois de tudo o que tirei de você? — Ela deu uma gargalhada, claramente se deliciando com o meu sofrimento.

Como eu não tinha visto quem ela realmente era?

— Você é repugnante — Disse. — E isso não vai durar. Eu vou sair daqui, limpar meu nome e depois vou atrás de você com tudo o que eu tenho.

Ela parou de rir, e sua expressão se endureceu de uma forma que me fez estremecer.

— Escute bem, Olivia. Isso não é mais ensino médio ou faculdade. Eu cresci, vivi e vi coisas. Não sou mais a Sandra de antigamente. Eu mudei. E eu juro, se você se atrever a vir atrás de mim, vou fazer muito mais do que apenas te incriminar por roubo. Eu vou te matar.
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