Vendida para o Don 2
Vendida para o Don 2
Por: Edi Beckert
Quem é ela?

Capítulo 1

Vinícius Strondda

A notificação vibrou no celular em cima da mesa de vidro.

Peguei o aparelho sem pressa, com a taça de vinho na outra mão, os olhos ainda voltados para o jardim do palazzo.

Abri o vídeo.

Demorei alguns segundos para entender. Minha noiva — a mesma que o conselho tinha me prometido desde moleque — estava deitada na cama, gemendo. Mas não era meu nome que ela chamava.

Era o de um maledetto capo.

Trinquei o maxilar. O cristal da taça quase estourou nos meus dedos.

O vídeo acabou, mas a imagem dela continuava queimando dentro da minha cabeça. Essa puttana jurava que seria a esposa perfeita para o herdeiro Strondda, enquanto se abria para qualquer um que tivesse coragem de desafiar meu sobrenome.

No mesmo instante, a porta do reduto abriu sem ninguém bater.

Maicon, meu tio e consigliere do meu pai, entrou como se a sala fosse dele.

— O conselho decidiu que chegou a hora, Vinícius. — Falou direto, cruzando os braços. — Assim que seu pai voltar da viagem, quer a resposta: você vai assumir o posto de Don ou vai continuar agindo como se não fosse o herdeiro da família Strondda?

Soltei um riso curto, sem humor.

— “Assumir” não é o problema, tio. O problema é a condição ridícula que eles colocaram pra isso.

— Casamento? — Ele assentiu, como quem repete uma sentença. — A tradição é clara. Precisa estar casado antes de ser nomeado Don, oficialmente.

Mostrei a tela do celular para ele. O vídeo ainda estava parado na imagem mais nojenta possível. A feição dele mudou imediatamente.

— Essa é a tradição que querem pra mim? Eu nunca vou casar com essa vadia. Meu pai derrubou um aliado por tentar mandar nele, e agora querem me forçar a usar uma aliança de uma puttana?

— Não estamos falando de qualquer casamento. — Maicon se aproximou, apoiando as mãos na mesa. — É estratégico, algo político. Eu me casei por uma ordem do seu pai. Olha só pra mim hoje... Estou ótimo assim.

Olhei para ele e bebi mais um gole.

— Estratégico pra eles, bom pra você, talvez. Pra mim, é só uma armadilha.

Maicon desviou o olhar, engolindo seco.

— Ela está no jardim, esperando para colocar a aliança oficial no dedo porque sabe que seu pai está pra chegar.

Deixei a taça sobre a mesa e fechei o casaco preto.

— Então vamos acabar logo com isso.

---

O sol da manhã iluminava as rosas vermelhas alinhadas quando atravessei o corredor e cheguei ao jardim.

Uma mesa comprida, meia dúzia de homens de terno, e— minha “noiva” — levantou-se com o sorriso ensaiado e o brilho de quem achava que me enganava.

Um dos acionistas mais velhos e tio da maledetta, se ergueu antes mesmo que eu chegasse.

— Finalmente, o princeso herdeiro resolveu aparecer. Achei que fosse deixar os negócios da famiglia para homens de verdade.

O jardim inteiro pareceu prender a respiração.

Parei a menos de um metro dele.

— O que você disse?

— Disse que, se não tem coragem de seguir as regras, não merece a cadeira que seu pai vai deixar. Fica enrolando pra casar. Imagino o resto.

Sorri de canto. A mão já estava na 357.

Meu disparo ecoou seco. O corpo dele tombou para trás, derrubando a cadeira.

Ninguém gritou. Todos sabiam: aqui era território do Don. Se meu pai não estava, eu mandava.

Guardei a pistola, limpei a mão na lapela do terno.

— Que sirva de exemplo pra qualquer maledetto. Principalmente os traidores. Não é, figlia de puttana?

Passei por cima do cadáver e caminhei até minha noiva.

— Pensou que eu nunca descobriria?

Ela ainda sorria nervosa, tentando disfarçar o pânico.

— Vinícius… eu posso explicar…

Encostei a arma no peito dela e curvei o rosto bem perto, o suficiente para que apenas os mais próximos ouvissem.

— Explicar o quê? Como o perfume do capo rival ficou grudado na sua pele? Ou como você gemeu o nome dele enquanto deveria guardar o meu?

O sorriso dela morreu na hora, a cor esvaiu do rosto.

Os acionistas se entreolharam em silêncio, entendendo o que eu já sabia.

— Não… não é o que você pensa… — gaguejou, os olhos marejados. — Eu posso explicar?!

— Pode, no inferno. De preferência para o diavolo.

Atirei.

O vestido branco ficou manchado de vermelho. O corpo caiu sobre as rosas.

O silêncio foi total. Até o vento parou. É claro que eu não deixaria pra depois. Aprendi desde criança... Lugar de traidor é queimando no inferno com o diavolo.

---

Foi então que percebi o movimento no canto do jardim.

Uma mulher corria pelo gramado lateral, contornando a fonte. Calça justa preta, blusa simples, coque bagunçado com mechas escuras e bem vermelhas escapando.

Não era do conselho. Não era convidada.

— Quem é aquela? — perguntei baixo a Maicon, sem tirar os olhos dela.

— Não faço ideia. Com tanto monitoramento, já deveria estar morta.

Ele puxou a arma, mas segurei seu braço.

— Não. Ainda — ele ficou me olhando.

A intrusa parou um instante para respirar, apoiando as mãos nos joelhos, sem perceber que era observada.

— Tragam ela pra mim. — Ordenei.

VDois soldados se afastaram da mesa e cruzaram o gramado. A mulher percebeu tarde demais e tentou fugir, mas foi agarrada pelo braço. Se debateu, chutou, xingou, mas foi arrastada até mim.

— ME SOLTEM! EU NÃO FIZ NADA! — gritou.

Quando parou diante de mim, seus olhos verdes me acertaram em cheio. Estava com raiva, não medo.

— Soltem. — Falei baixo, tirando a 357 do bolso e lustrando no tecido da roupa.

— O que acha que está fazendo? — ela cuspiu as palavras, ofegante.

Dei um passo à frente, estudando o rosto delicado.

— Garantindo que ninguém entra no meu território e sai vivo. — Ela olhou para todos os lados.

— Eu só estava correndo. — A voz dela tremia de fúria, não de pavor.

Inclinei a cabeça, meio sorriso surgindo.

— Odeio mentirosos. — Empurrei-a contra uma árvore, prendendo seu braço. — Tem um minuto pra me convencer a te deixar viver.

— Está louco? Eu só fugi de um cara!

— Perdeu alguns segundos. Seja mais eficiente.

Ela respirou fundo, os olhos faiscando.

— Pulei seu muro porque é o mais alto. Achei que ninguém notaria. Só isso. É só fingir que não viu e me deixar ir embora.

Passei a mão pelo corpo dela, firme, verificando se não carregava arma.

— Que ragazza... — sussurrei.

Alisei desde os braços até a bunda, cintura, bunda, coxas. Mamamia. Uma mulher dessas não passa despercebida em lugar nenhum.

— Me solta! Me solta! — ela gritava, mas nem ouvi o que dizia.

Eu só estava verificando se estava armada, mas essa puttana me deixou excitado.

— Mamamia.

Ela tinha a bunda farta, cheguei até as coxas grossas.

— Qual seu nome? Idade? Estado civil? — disparei as perguntas.

— É... Eu...

— VAMOS PORRA! DIGA!

— Lucia Bianchi. Vinte e quatro. Italiana.

— É solteira? — ela pareceu pensar.

— Sim.

Sorri de canto.

— Agora não é mais.

Arrastei-a pelo braço e a entreguei para meu tio.

— Prendam ela. Se querem casamento, vai ser assim. A noiva vai ficar presa. E eu escolho as regras.

Ela começou a espernear.

— Não! Eu não posso! Não vou casar!

Virei as costas sem olhar.

O conselho estava em choque, o jardim coberto de sangue, e eu já tinha decidido.

Meu tio se aproximou e perguntou:

— Não perguntou se é virgem?

— Não. Tanto faz. Não sei se vou esperar até a cerimônia.

— Merda! Seu pai vai nos matar.

— Foda-se. Se o preço para ser Don era uma esposa, que fosse a intrusa de olhos verdes que teve a ousadia de invadir meu território.

Um Strondda não pede permissão. Ele toma.

— Me dêem licença... Vou verificar minha noiva de perto...

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