Capítulo 49
Don Vinícius Strondda
Ela segura meu pulso e puxa como se fosse cabo de guindaste resgatando um homem à beira. O quarto inteiro prende a respiração. Lucia me encara de baixo para cima — ousadia na boca, comando nos olhos.
A palavra “relaxa” entra como golpe e cura ao mesmo tempo. Minha cabeça, que era um armazém de ruído, começa a silenciar prateleira por prateleira. Sinto a tensão recuar como maré. Ela brinca comigo com um atrevimento novo, sem técnica estudada — e é justamente isso que me desmonta.
Sua boca é macia no meu pau. Desliza torta, passa a língua onde nunca espero, e comprime quando penso que vai enfiar na garganta.
O descompasso dela vira a minha medida. O corpo responde mais rápido do que a razão autoriza.
— Cristo… — escapa de mim, rouco.
Lucia ri baixinho, satisfeita com o estrago que causa. Não há cálculo naquilo, só vontade de me enlouquecer. Uma vontade que me quebra a armadura, que abre uma fresta por onde entra ar.
— Vai