Narrado por Natália
A porta do carro se fechou atrás de mim com um estalo abafado, e o motorista nem precisou me dizer onde eu estava. O palácio do Sheikh era conhecido. As paredes decoradas com ouro, os tapetes persas que mais pareciam relíquias de museu, o perfume espesso de incenso e domínio. O velho morava no próprio ego.
Andei pelo corredor como quem pisa em campo de batalha. A seda colada ao meu corpo não me protegia do calor, mas não era proteção que eu queria. Era atenção. Era poder. Era o que me restava.
Dois guardas me encararam, mas não ousaram dizer nada. Quando abriram a porta, o ar do quarto me envolveu como uma promessa silenciosa: nada do que eu era antes importava aqui.
Ele estava ali. Deitado em almofadas imensas, com uma taça de vinho e o olhar mais nojento que já cruzei. Mas não desviei os olhos. Pelo contrário. Encarei como quem desafia.
— Pontualidade — ele disse, com a voz grossa. — Já me agrada.
Eu ap