Narrado por Lara
Acordei com o som de vozes abafadas no corredor.
Passos apressados, o arrastar de alguma mobília leve, e o cheiro de frutas cítricas misturado a flores frescas.
Me sentei na cama, ainda com o corpo cansado e a cabeça pesada pelos últimos dias.
Havia dormido embalada pelos dedos de Khaled nos meus cabelos — um gesto tão contraditório que doía mais do que o silêncio.
Estávamos presos naquele estranho limbo entre guerra e trégua.
E eu já não sabia o que doía mais: a prisão, ou o carinho envenenado.
Samira entrou no quarto, com uma expressão mansa.
— O senhor Khaled pediu para que você se arrumasse. — ela disse suavemente. — Ele organizou algo especial... no jardim.
— O quê?
— Um café da manhã. Apenas para vocês dois.
Minha primeira reação foi desconfiar.
Mas então me lembrei da noite anterior. Das palavras dele. Do olhar levemente quebrado.
Talvez fosse verdade.
Ou