Narrado por Ranya
Eu não dormi.
A luz daquela sala fria permanecia acesa o tempo inteiro. Meus olhos ardiam. A pele colada ao chão gelado parecia gritar por socorro, mas ninguém ouvia. Desde que Youssef me deixou ali, horas antes, o silêncio tinha sido minha única companhia. Silêncio e o som do meu próprio coração batendo cada vez mais rápido.
Pensar era uma tortura. Toda hora eu lembrava do olhar de Khaled no corredor. Da firmeza com que ele pronunciou minha sentença, sem levantar a voz, sem ameaçar, sem discutir. Apenas com a calma de quem já decidiu que você não vale mais nada.
Eu achava que era esperta. Que podia brincar de espionagem com as irmãs da esposa dele e sair ilesa. Mas aquele homem não deixava brechas. E agora eu estava presa, trancada e, pelo que parecia... condenada.
Quando a porta se abriu com violência, eu já não sabia mais se era dia ou noite.
Dois homens entraram. Eram diferentes dos seguranças da casa. Não usavam o uniforme preto discreto, nem tinham o olhar prof